São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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O temor dos aliados

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - É evidente que há muito mais do que uma rixa pessoal por trás das desavenças entre os líderes do PSDB, Aécio Neves, e do PFL, Inocêncio Oliveira.
O quase confronto físico entre Aécio e Inocêncio, na semana que terminou ontem, é só a ponta de um problema estrutural que está se solidificando entre os partidos que compõem a base do governo.
Essa base tem quatro partidos grandes: PSDB (o partido oficial de FHC), PFL (que aderiu na primeira hora em 94), PMDB (a sigla cooptada logo no começo do governo) e PPB (uma agremiação cujo líder principal, Paulo Maluf, não consegue dominar).
Até agora, o PSDB entrava apenas como um dos quatro partidos na base do governo no Congresso. Só que todos os deputados e senadores sabem que isso vai mudar a partir de 98.
A se confirmarem as previsões mais óbvias para a eleição do ano que vem, o presidente Fernando Henrique Cardoso será reeleito. Com isso, os tucanos entrarão em 99 com a maior bancada no Congresso.
É mais ou menos um consenso em Brasília que o PSDB conseguirá eleger bancadas fabulosas em 98 -sempre ressalvando que essa análise é feita com base na atual conjuntura, 17 meses antes da eleição.
Tucanos eufóricos falam em eleger entre 200 e 300 deputados federais na Câmara, que tem 513 cadeiras.
Certas ou não, essas previsões hegemônicas tucanas abalam os partidos aliados. Todos, PFL, PMDB e PPB, temem ser descartados a partir de 99, quando praticamente não serão mais necessários.
É por isso que Inocêncio Oliveira tanto implica com Aécio Neves. Preocupado em reconquistar a presidência da Câmara em 99, o líder pefelista precisa se firmar desde já.
Por tudo isso, é natural que os desentendimentos na base aliada apenas piorem daqui para a frente, apesar de momentos de calmaria.
A consequência é simples. As reformas constitucionais podem até ser aprovadas. Mas o preço será altíssimo.

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