São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 1997
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Chico Science e Renato Russo são homenageados em Olinda

Paralamas, Dado Villa-Lobos e Nação Zumbi cantam juntos

THALES DE MENEZES
ENVIADO ESPECIAL A OLINDA (PE)

Muita chuva, seguida de muita emoção. Assim foi a primeira noite da quinta edição do Abril Pro Rock, na última sexta-feira, que homenageou Chico Science e Renato Russo.
O Via Sat, oriundo da mesma comunidade da Nação Zumbi, abriu. A apresentação energética da banda merecia mais público, mas a chuva que despencou uma hora antes do show afugentou muita gente.
No final, o público ainda chegava ao local. Com a demora na troca de palco, o também pernambucano Cascabulho demorou para empolgar. A banda foi se soltando aos poucos.
Para encerrar, um bloco de maracatu convidado pelo grupo abriu caminho no meio do público. Quase virou Carnaval.
Arnaldo Antunes soube tirar proveito de ser a primeira estrela do festival. Depois de tanta chuva, a ansiedade do público era imensa. Bastou as luzes do palco principal começarem a piscar para que a audiência delirasse.
Com a recepção calorosa, Arnaldo acertou ao emendar várias músicas mais pesadas na abertura, mantendo o pique.
O primeiro grande momento da noite veio com a entrada no palco de Jorge Du Peixe, da Nação Zumbi, banda em que cantava Science, morto este ano em acidente de carro numa curva bem em frente ao local do show.
Arnaldo saiu consagrado. Logo em seguida o local Querosene Jacaré iniciou sua apresentação, mostrando que poderia estar no palco principal e não no acanhado palco alternativo.
O Querosene tem uma diferença fundamental em relação a seus conterrâneos. Todos os elementos nordestinos estão lá, mas a base sonora é muito mais rock and roll. Em alguns momentos, parece até Steppenwolf.
Os Paralamas pegaram a platéia bem esquentada, mas nem precisava. Depois de um nervosismo inicial, quando Herbert reclamava sem parar de problemas nas guitarras, o grupo desfilou hits e um set acústico muito bom. É a prévia de um Paralamas "unplugged"?
O show do trio tinha começado com imagens de Science no telão e um pequeno discurso emocionado de Herbert. Mas a homenagem maior ainda viria.
Para delírio total da platéia, toda a Nação Zumbi veio ao palco. E, junto, o ex-guitarrista da Legião, Dado Villa-Lobos. Numa celebração a Science e Renato Russo, a superbanda improvisou "Manguetown", "Ainda É Cedo" e "Maracatu Atômico", acompanhada por um coro de 5.000 espectadores.
Foi para lavar a alma.

O jornalista Thales de Menezes viajou a convite da organização do festival.

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