São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997
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Senadores tentam identificar 'Renê' hoje

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Precatórios faz hoje uma acareação com cinco testemunhas para tentar descobrir se existe dentro do esquema dos títulos públicos um doleiro chamado Renê.
O nome surgiu pela primeira vez em depoimento de Fausto Solano Pereira, dono da distribuidora Boa Safra, em março passado.
Alegando não ter nenhuma relação com o esquema, o empresário disse à CPI que foi por intermédio de um certo Renê que recebeu um depósito de R$ 9,76 milhões da IBF Factoring. Esse depósito foi feito em 54 contas separadas.
Hoje, a CPI faz acareação entre Solano e Ibraim Borges Filho, da IBF, além do dono da distribuidora Split, Enrico Picciotto -esse último chamado porque há indícios de que a IBF é uma empresa de fachada da Split.
Somente a metade dos senadores da CPI acredita que o doleiro existe. "Esse doleiro é, na verdade, um 'vulgo Renê' e deve ter outro nome. Mas ele certamente existe e é um grande operador de câmbio", disse Romeu Tuma (PFL-SP).
José Serra (PSDB-SP), sub-relator da CPI, afirma achar que Renê não existe, e Eduardo Suplicy (PT-SP) diz que não tem opinião formada a respeito.
A Receita Federal acredita que chegou ao doleiro e dá seu nome completo: René Bushel Gióia Júnior, um empresário brasileiro com negócios em Miami.
Esse René Bushel afirma, por meio de seu advogado em São Paulo, não ter participado de esquema algum.
O relator da CPI, senador Roberto Requião (PMDB-PR), chegou a tentar fazer prevalecer dentro da CPI a versão sobre um Renê paranaense, ligado a suposto esquema de financiamento de campanhas. Mas hoje diz que Renê não existe.
"O cheque depositado na conta de Solano foi preenchido em uma máquina de escrever da Split", afirma Requião.
Para tentar desvendar a relação entre as três empresas, também participam da acareação dois ex-office boys da Split: Alex Sandro dos Santos e Sandro Luís Cipriano.
Os senadores vão perguntar a eles, basicamente, onde buscavam e onde levavam cheques.
O cheque depositado na conta de Solano é um típico caso dentro da CPI dos Precatórios em que os senadores estão carregados de suspeitas e quase não têm provas.
O próprio Solano, ao contar a versão à CPI, qualificou a história de "inverossímil" (que não parece verdadeira).
Os senadores não acreditaram em uma só palavra, mas não foram capazes de prendê-lo por falso testemunho.

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