São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997
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Transferência é 'punição' para coronéis

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois dos quatro coronéis da Polícia Militar de São Paulo envolvidos no episódio relacionado à fita de vídeo com as imagens de violência policial em Diadema (ABCD) foram transferidos para o interior do Estado.
Na prática, os dois perdem poder junto à corporação. Ao todo, foram remanejados seis coronéis.
O coronel Coji Yanaguita, que admitiu obter informações sobre a fita no dia 27 de março, quando ocupava o terceiro maior posto na hierarquia da PM, deixou o comando do policiamento na zona sul de São Paulo e foi enviado para a região de Limeira.
O coronel Luiz Antonio Rodrigues, que comandava a PM do ABCD quando foi afastado de suas funções, vai assumir o policiamento de Jundiaí. A população da cidade não quer a transferência.
O coronel Paulo Miranda de Castro, que era o corregedor da PM e também foi afastado por causa do caso de Diadema, vai comandar o policiamento na zona sul de São Paulo. Miranda e Rodrigues foram afastados no dia 1º de abril, um dia depois de o vídeo ir ao ar, porque não teriam comunicado seus superiores a respeito do assunto.
Os demais coronéis transferidos são André Boicenco Neto, Admir Bento e Avivaldi Nogueira Júnior, que assumiu o comando de policiamento no ABCD.
Jundiaí
A transferência de Rodrigues para Jundiaí está causando revolta na população da cidade. "Isso foi uma insensibilidade do governo. Um grande equívoco", afirmou o vereador Durval Orlato (PT).
Segundo ele, a seção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Jundiaí divulgou nota criticando a decisão. De acordo com a nota, o caso era muito complicado e deveria ter sido melhor analisado.
"Vamos entrar com um pedido para que ele não assuma a função. Aliás, não dá para ele assumir qualquer cargo enquanto o caso não for julgado", disse Orlato.
A situação do novo comando da PM de Jundiaí estava indefinida até as 18h de ontem.
Nomeado no sábado, Rodrigues não entrou em contato com o comandante-interino, tenente-coronel Eduardo Luiz Carbonari, para acertar a troca de posto.
Segundo o comando geral, a PM de Jundiaí vai definir quando Rodrigues assume. "O normal é que acertem entre eles", informou o major Hamilton Isildo de Arruda, 41, do comando geral.
A afirmação foi contestada pelo comandante-interino. "O coronel Rodrigues foi designado por um ato do governador e cabe ao comando geral fazer a apresentação", disse Carbonari.
O secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva, não foi localizado para comentar o caso.
Segundo informações no alto comando, o coronel Carlos Alberto da Costa, subcomandante-geral da PM, pode deixar o cargo. Costa está de férias. Ele também sabia da fita antes de ela ir ao ar.

Colaborou a Folha Campinas

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