São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997
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'A Capital Federal' traz o melhor de Azevedo

NELSON DE SÁ
ENVIADO ESPECIAL

Não à toa, é a comédia nacional de maior êxito de seu tempo e talvez de todos os tempos, na descrição de Décio de Almeida Prado. "A Capital Federal", de um século atrás, apresenta o melhor do melhor dos comediógrafos brasileiros, Arthur Azevedo.
Foi quando o dramaturgo e "revisteiro" passou do teatro de revista, algo grosseiro e superficial, sem maior caráter autoral, para a opereta e a comédia de costumes.
"A Capital Federal" ainda seria descrita por seu próprio autor como uma revista de ano (do ano de 1891), mas já tinha a unidade e a ambição estética e crítica de uma obra de maior qualidade.
É talvez o texto mais encenado de Arthur Azevedo, autor ultimamente mais conhecido, em versões no teatro e na própria televisão, por "O Mambembe".
Na peça, ele confronta o moralismo, sobretudo o moralismo de uma família do interior que viaja à capital federal, então o Rio, e a "devassidão", que hoje surge quase ingênua, da cidade grande, com jogos, prostitutas etc.
É impossível não se deixar levar por personagens criticamente caricatos como o "mulateiro" Figueiredo (interpretado pelo ótimo Cláudio Mendes) ou a mulata Benvinda -ou mesmo Lola e Eusébio, ainda que em atuações mais contidas de Louise Cardoso e Antônio Pedro, os protagonistas.
A montagem, estranhamente, para as produções apuradas do Centro Cultural Banco do Brasil e para o elenco, apresenta certo amadorismo, quase como uma montagem escolar.
Não vence o limite da correção, como correta é a tradição das montagens cariocas para textos nacionais "clássicos" -desde Denise Fraga e o grupo Tapa.
(NS)

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