São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Paper diz ter agido sob ordem de banco

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Augusto César Falcão de Queiroz, da distribuidora Arjel (ex-Paper), disse na CPI dos Precatórios que sua empresa é "praticamente 'broker' (corretor, agente, intermediário) do Bradesco" nos negócios com títulos públicos.
Falcão de Queiroz explicou, em depoimento ontem à noite, ter feito algumas compras de títulos no mercado secundário "por determinação da mesa do Bradesco".
Em outras operações, era a Paper quem oferecia os títulos ao Bradesco após receber proposta de uma instituição financeira que os queria vender. "Recebíamos propostas de outras (corretoras) que sabiam que tínhamos relação com o Bradesco", disse.
A Paper só comprou títulos no mercado secundário, afirmou Falcão de Queiroz, quando tinha "absoluta certeza da venda". "Não tinha dinheiro para correr risco", disse o empresário.
Ele explicou que passou a adquirir os papéis só quando tinha a venda assegurada porque certa vez um suposto comprador desistiu e, para cancelar a operação, foi obrigado a pagar multa de R$ 22 mil ao banco Bozano, Simonsen.
Mas para decidir que negócios fechar, Falcão contratou a empresa de assessoria Tarimba, com a qual dividia os lucros das operações bem-sucedidas.
No caso da compra de R$ 285 milhões de títulos de Pernambuco pelo Bradesco, cuja intermediária foi a Paper, Falcão de Queiroz disse acreditar que o negócio tenha sido proposto ao operador da mesa da Paper.
"Creio, por ser uma operação grande, que essa (ordem) tenha vindo de cima", disse o empresário. Ele disse desconhecer, entretanto, quem no Bradesco propunha os negócios com títulos ao operador da mesa Edson Ferreira.
Falcão de Queiroz disse que sua empresa sofreu quatro fiscalizações rigorosas do Banco Central e nunca foi informada de que estivesse fazendo algo errado.
"O senhor é o primeiro homem sério que senta nesta cadeira", disse Requião a Falcão de Queiroz.
A CPI dos Precatórios chegou a aprovar a condução coercitiva (depoimento sob vara, segundo o senador Roberto Requião) de Luiz Antônio Mora e de Antônio da Cunha Vilas Boas, diretores da Arjel.
Eles não compareceram à sessão da CPI para a qual estavam convocados. Alegaram não ter dinheiro para o transporte. Os diretores da Arjel, porém, entraram em acordo com a CPI e vão depor terça-feira.

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