São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Atitude de campeão

EDUARDO OHATA

Há até poucos meses, todos estavam entusiasmados com o jovem mexicano Marco Antonio Barrera, de 23 anos.
Após defender o cinturão dos supergalos da Organização Mundial contra o ex-campeão Kennedy McKinney, no ano passado, Barrera foi aclamado como o sucessor de Júlio César Chávez. Verdade, o combate -o 40º da carreira do mexicano- foi memorável. Mas antes de vencer McKinney, Barrera chegou a sofrer queda. A primeira vez em que Chávez visitou a lona foi contra Frankie Randall, em sua 91ª luta.
Mesmo assim, fãs e especialistas não hesitaram em comparar Barrera com os grande do boxe. "O garoto tem um gancho mortal." "Ele cerca os oponentes como um veterano."
Em novembro passado, Barrera perdeu no quinto assalto para o ex-campeão -e azarão- Junior Jones. Obviamente, a habilidade de Barrera havia sido superestimada.
Jones, aliás, teve uma trajetória parecida com a de Barrera.
Em 1990, Michael Katz, do "New York Daily News", classificou o lutador como "um futuro membro do Hall da Fama". Em 1994, Jones perdeu para o desconhecido John Johnson.
Jones e Barrera são exemplos de como -em um esporte carente de ídolos- frequentemente exagera-se na avaliação de novos talentos.
Mas, após perder a revanche para Jones, na semana passada, por pequena margem de pontos, Barrera mostrou possuir ao menos um caráter de campeão.
Após duas derrotas seguidas, muitos procurariam reconstruir suas carreiras contra oponentes que não oferecessem perigo.
Em vez disso, sem se abater, Barrera disse que pretende enfrentar, ainda neste ano, Naseem Hamed, um dos melhores campeões da atualidade.
Barrera não é o novo Chávez, como muitos queriam. Mas, por enquanto, com essa mentalidade, ser o primeiro Marco Antonio Barrera é o suficiente.

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