São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997
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Questão de ordem

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Bem que o próprio ACM dizia, um dia antes, na mesma TV Senado:
- Eu não posso ser um presidente de diretório na presidência do Congresso...
Pois foi presidente de diretório acadêmico -e dos mais despreparados- o que ACM aparentou ser na sessão seguinte, ontem.
Para quem dizia ter sido "formado na atividade estudantil", caiu com facilidade nas armadilhas do petista José Eduardo Dutra.
Dutra não queria que a sessão contasse para o prazo da emenda da reeleição, e fez de tudo. Solicitou verificação de quórum, "questão de ordem", falou sem parar.
ACM começou com jeitinho, conversando. Em pouco tempo perdeu a paciência e chegou aos gritos. Diante da insistência do outro:
- Existe quórum!
Diante da conversa entre o petista e a Mesa, ou seja, ele mesmo, ACM:
- Vossa Excelência não pode dialogar comigo!
Era tudo o que o senador petista queria. Aos gritos, Dutra respondeu:
- Não aceito grito!
Acabou com o microfone cortado, mas seguiu gritando. Quando voltou o som, o petista dizia, rindo:
- Quando voltar a sessão eu volto a falar.
ACM, também rindo, em pirraça de assembléia estudantil:
- Não volta, não.
Dutra:
- Eu volto, sim.
A TV Senado não poderia ser mais reveladora da comédia política nacional.
*
Nos últimos dias, ACM acordou para a TV Senado.
Fez o pronunciamento contra o presidente do Supremo e também contra o presidente da República, ao vivo, diante das câmeras da TV Senado. Falou grosso:
- Usurpar atribuições do Congresso Nacional eu não permitirei!
Achou o seu púlpito.

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