São Paulo, sábado, 26 de abril de 1997 |
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Pequeno Príncipe
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE Anteontem, ao descer a lenha na F-1, Villeneuve falava como adulto. Mas escondia metade do rosto atrás do microfone, como se fosse uma criança sem estatura suficiente para concorrer com o tripé.Deixou de lado o tipo "estudante canadense em férias na Europa, o cara mais legal do albergue", para encarnar o "olha gente, sou novinho, mas também sou sério". Villeneuve foi sério. Pelo menos ao condenar o pacote que a FIA preparou para o regulamento de 98. Algo que, segundo ele e outros, inclusive Schumacher, prejudicará a categoria. Fliperama por fliperama, troca a glória da Europa pela tranquilidade da América. Voltar para a Indy é papagaiada da grossa, que Villeneuve pode levar a cabo só para provar que é mesmo diferente. E fora a necessidade de "falar o que pensa", eufemismo para vaidade, típica de quem chega ao topo na F-1, o canadense tem lá alguma razão ao considerar que, antes de promover ultrapassagens, as novas regras da FIA poderão imbecilizar. Para frear a guerra de pneus, por exemplo, a entidade vai exigir sulcos na superfície lisa dos slicks, tirando a aderência e forçando a elaboração de compostos mais resistentes, já que o desgaste será fiscalizado. A grande graça da categoria neste ano, no entanto, tem sido a Bridgestone. Ou alguém acha que os carros de Prost começaram a andar desse jeito só porque trocaram de nome? Ontem, dez pilotos rodaram a menos de um segundo de Irvine, o melhor tempo dia, um resultado notável. Isso não aconteceria sem a guerra de pneus, que a FIA quer conter. Fica a dúvida, porém, se esse "conter" não se transformará em "eliminar", desastroso para uma categoria que volta a respirar algum equilíbrio. Segurança é necessário. Mas de nada valerá limitar por demais o esporte. Afinal, ninguém sai à pista para passear. Texto Anterior: Anteontem Próximo Texto: Amor à pátria; Amor de irmão; Amor antigo; Amor declarado Índice |
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