São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997 |
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Deus virou o bicho-papão, diz psicóloga
AURELIANO BIANCARELLI
"Os pais e os professores sabem muito pouco do que está acontecendo com as crianças", diz a psicóloga Valquíria Trícoli, que fez a pesquisa de Atibaia. O estudo mostrou que havia mais crianças estressadas na escola particular avaliada (58,82%) do que na escola pública (31,37%). Nas três pesquisas foi empregado o "inventário de sintomas de estresse infantil" e a escala de mudanças que mais afetam a criança (veja testes na pág. ao lado). Também foram consideradas outras fontes externas de estresse, como atividades e responsabilidades em excesso. E causas internas como a baixa auto-estima, o medo de Deus, a timidez e a ansiedade. Em todos os estudos, as causas internas afetavam mais as crianças que as externas. Em Atibaia, 37,5% revelaram ter medo de Deus. "O bicho-papão passou a ser Deus", diz Valquíria. Em Campo Grande, 70% das crianças pesquisadas na escola pública e 50% na particular revelaram tensão pelo medo dos castigos divinos. "Achávamos que o excesso de atividades era a primeira causa de estresse nas crianças", diz a psicóloga Marta Vieira Vilela, que realizou a pesquisa. "Mas a causa principal revelou ser o medo da punição de Deus." Em segundo lugar apareceu a preocupação com a situação econômica dos pais. Quando a pesquisadora perguntou às mães o que mais preocupava seus filhos, elas citaram o medo de não ser bem-sucedido nas provas e de se sentir feio ou com defeitos. As crianças mais submetidas a estresse são as obesas, conforme revelou pesquisa da psicóloga Marcia Maria Bignotto. Ela estudou 20 crianças de 7 a 12 anos que estavam acima do peso e que já participavam de um projeto infantil de prevenção cardiológica. Entre essas mudanças estavam a ida para a escola, o nascimento de um irmão, a morte de um parente próximo ou a mudança de cidade. Texto Anterior: A eliminação dos miseráveis Próximo Texto: Estresse pode ser positivo Índice |
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