São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997 |
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Milhares de mutuários nada pagaram 11 mil serão cobrados VIVALDO DE SOUSA
O valor desses contratos soma R$ 288,54 milhões. Desse total, os empréstimos vencidos somam R$ 219,55 milhões e aqueles a vencer R$ 68,99 milhões, segundo levantamento concluído em março. O maior volume de empréstimos que nunca tiveram uma prestação paga está no escritório de negócios Rio de Janeiro Sul: R$ 46,26 milhões referentes a 383 contratos, o que dá uma média de R$ 120 mil por mutuário. A diretoria da CEF ainda não tem um perfil dos mutuários e também não sabe por que eles nunca pagaram prestação. Uma das hipóteses é que grande parte dos devedores seja de pessoas com baixa renda. O valor médio dos financiamentos é de R$ 26,94 mil. Quando comparados com os R$ 40,7 bilhões de empréstimos habitacionais feitos pela CEF, o volume daqueles que nunca pagaram uma prestação é pequeno. Mesmo assim, a instituição vai cobrar esses devedores. Em fevereiro, a inadimplência na área habitacional estava em 24,92%. Ou seja, essas dívidas somavam R$ 10,1 bilhões. No mesmo período, a instituição tinha um total de 1,2 milhão de mutuários. Cobrança No próximo mês, a CEF vai mandar uma correspondência para os mutuários que nunca pagaram prestação comunicando que há uma dívida não paga. Eles serão convocados para colocar em dia a sua situação financeira. Em fevereiro, o número de mutuários inadimplentes com a CEF era de 126 mil, conforme apurou a Folha. Como parte das dívidas não era paga há mais de um ano, a instituição já entrou na Justiça contra 30 mil mutuários. O processo é o primeiro passo para a retomada do imóvel. O total de imóveis já retomados que a CEF pretende revender era de 21 mil no começo de abril. Feira de Santana Um dos municípios com maiores índices de inadimplência é Feira de Santana (Bahia), onde a média de mutuários devedores chegou a 62% em dezembro do ano passado. Todos os empréstimos foram para pessoas com baixa renda. Levantamento feito pela CEF nos 25 conjuntos habitacionais -10.497 unidades- mostrou que o valor em atraso somava R$ 26,69 milhões no final de 96. A dívida a vencer era de R$ 72,15 milhões. Os dados mostram que em três conjuntos habitacionais -2.151 unidades- o índice de inadimplência estava em 99%. A inadimplência em 16 conjuntos habitacionais com 7.587 imóveis era superior a 50%. Em alguns casos, os imóveis foram construídos com defeitos e a CEF teve de entrar na Justiça contra a construtora. Texto Anterior: Apenas 3% ganham mais de 20 mínimos Próximo Texto: Crises bancárias Índice |
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