São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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O bebê ouviu?

NAIEF HADDAD

Equipe em Marília previne problemas de surdez e estimula a linguagem em crianças que apresentem alterações auditivas
O diagnóstico precoce é a chave para o desenvolvimento adequado de uma criança com deficiências auditivas.
Em Marília (443 km de São Paulo), uma equipe multidisciplinar de profissionais ligados à saúde mantém um acompanhamento cuidadoso que se estende principalmente da gravidez aos dois anos de idade do bebê. O objetivo é estimular a linguagem em crianças com chances de ter problemas de surdez.
"Quanto mais precocemente o bebê é estimulado, mais fácil fica sua adaptação", afirma o médico otorrinolaringologista Alfredo Rafael Dell'Aringa, da Faculdade de Medicina da cidade -ligada à Unesp.
Tudo começa com as orientações às gestantes nos postos de saúde. Médicos as alertam sobre os riscos do cigarro, da ingestão incorreta de medicamentos, da diabetes, e, especialmente, das doenças infecto-contagiosas. Pesquisa realizada pelo Centro de Orientação Educacional da Unesp constatou que 31% das mães com filhos que apresentavam alguma deficiência de audição tinham contraído rubéola durante a gravidez.
Um ou dois dias após o nascimento dos bebês, inicia-se uma "triagem auditiva" com instrumentos musicais como tambor e agogô -tocados próximo ao ouvido dos recém-nascidos. "Se o bebê tem reflexos primitivos como o susto ou o piscar de olhos, não demonstra, a grosso modo, comprometimento auditivo", explica a fonoaudióloga Simone Aparecida Capellini, da Unesp.
Em Marília, as crianças com baixo desempenho na triagem pós-parto ou aquelas de risco -que passaram por uma gestação com rubéola, por exemplo- recebem assistência mais intensiva nos postos de saúde.
É só aos dois anos que a criança alcança a maturidade auditiva: exames de audiometria podem levar a conclusões definitivas sobre as dificuldades de audição. Até aí, no entanto, uma série de estímulos pode amenizar a deficiência. O primeiro ano de vida, por exemplo, é chamado pelos especialistas de "o ano de prontidão para escutar".
Nesse período, os próprios pais podem acompanhar o desenvolvimento da linguagem dos filhos com testes simples como bater palmas e assoviar e verificar a reação.
Até os quatro meses de idade, é comum que o bebê chore em reação aos ruídos muito intensos. Dos sete aos nove meses, ele já procura a fonte do som fora de seu alcance visual e, dos 13 aos 24 meses, faz algum ruído em resposta ao seu chamado

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