São Paulo, sexta-feira, 2 de maio de 1997 |
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Batalha jurídica preocupa consórcios SILVANA QUAGLIO SILVANA QUAGLIO; ANTÔNIO CARLOS SEIDL
Os consórcios Valecom e Brasil -os dois potenciais compradores da estatal Vale do Rio Doce- só não rivalizam em uma coisa: na avaliação de que uma demora muito longa na realização do leilão poderá trazer problemas com seus investidores. Existe apreensão com o tempo que a batalha jurídica, travada em torno de liminares contra o leilão, poderá demandar. A falta de informações oficiais durante o feriado de Primeiro de Maio transtornou os participantes dos grupos. Até o início da noite de ontem, por exemplo, ninguém sabia ao certo se o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) manteria a nova tentativa de leilão marcada para hoje. Marcar o leilão significa manter os principais executivos das empresas dos dois consórcios a postos. Assim eles estiveram na terça e na quarta-feira. Mesmo sem certeza da realização do leilão, os empresários Antonio Ermírio de Moraes, comandante do Valecom, e Benjamin Steinbruch, líder do Consórcio Brasil, devem deixar novamente, hoje, suas bases paulistas rumo ao Rio. Nenhum dos dois acredita muito que a Vale será vendida hoje. A expectativa ontem à noite era de que os empresários voltariam a reunir seus grupos nos bancos escolhidos para representá-los no leilão junto à Bolsa de Valores do Rio. O primeiro adiamento, ocorrido na terça-feira, data original do leilão, não surpreendeu os empresários e investidores. Eles já esperavam que uma empresa como a Vale não seria privatizada facilmente. Mas o que surpreendeu a todos foi a quantidade e o peso das assinaturas que as ações judiciais contrárias à venda carregavam em todo o país. Membros dos consórcios de compradores avaliam que o governo subestimou a capacidade de resistência dos opositores. Apesar da apreensão com uma demora muito longa, nos dois consórcios os membros se esforçam para demonstrar otimismo. Dizem que seus grupos estão fechados e coesos e que nada poderá demovê-los da idéia de brigar pela compra da Vale. Mas nos bastidores e no mercado financeiro a avaliação é de que se o leilão for adiado para além de maio a situação dos grupos ficará fragilizada. Nenhum grupo empresarial ou financeiro pode bancar uma longa espera sem algum prejuízo. Até mesmo o pouco mais que R$ 3 bilhões depositados pelos consórcios junto ao BNDES -garantia de que têm o dinheiro para participar do leilão- começarão a representar um problema em breve. Colaborou ANTÔNIO CARLOS SEIDL, enviado especial ao Rio Texto Anterior: Segurança de FHC aumenta Próximo Texto: Leia a principal ação contra a venda da Vale Índice |
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