São Paulo, sexta-feira, 2 de maio de 1997 |
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Diretor aposta em Carrey 'mais maduro'
DENISE MOTA
Em "O Mentiroso"-comédia que estréia hoje no Brasil-, Tom Shadyac dirige pela segunda vez o ator americano (a primeira foi no filme "Ace Ventura: um Detetive Diferente") e faz Carrey interpretar um advogado que é obrigado a falar a verdade durante 24 horas. Considerada "madura" por Shadyac, a comédia já arrecadou US$ 143,8 milhões em seis semanas de exibição nos EUA e é a produção que tem a maior bilheteria de 97. Só para se ter uma idéia do que a cifra significa, a reestréia de "Guerra nas Estrelas", nos EUA, rendeu US$ 135 milhões. Por trás disso está Shadyac, um ex-estudante de direito, ex-professor de artes cênicas, ex-roteirista de programas cômicos e ex-ator, que iniciou e terminou a carreira na frente das câmeras interpretando um surfista em um episódio do seriado "Magnum". Aos 38 anos, o diretor faz sucesso hoje com seu hobby de infância: piadas infames, de preferência com alusão a excrementos e órgãos genitais. Em "O Professor Aloprado", consta que Eddie Murphy chegou ao ponto de pedir que fossem retiradas algumas piadas sobre gases. Pedido recusado. Em "Ace Ventura", Carrey conversava com as nádegas. * Folha - "O Mentiroso" seria supostamente um filme mais sério para Jim Carrey. Você queria realmente que ele ficasse sério? Tom Shadyac - Não, ele é apenas um ser humano nesse filme, no sentido de que ele tem uma vida comum. Finalmente, ele está interpretando com o próprio cabelo, com roupas normais. Mas também queríamos diversão, não queríamos deixar de corresponder às expectativas do público. Fizemos apenas algo mais maduro. É a comédia que Carrey merece. Folha - Você pretende fazer apenas comédias? Shadyac - A comédia é um dos meus dons, o setor em que sei trabalhar e tenho tido sucesso, mas quero fazer outros tipos de filme também. Drama, ação. Folha - Como será seu filme com Robin Williams? Shadyac - Robin Williams será um médico que descobre que rir é, literalmente, o melhor remédio. Um médico que trata seus pacientes com risadas. É, definitivamente, uma comédia. Folha - Todos os seus filmes têm, em alguma sequência, piadas sobre órgãos genitais e excrementos. É a sua marca registrada? Shadyac - É, acho que está se tornando. Pelo menos, acho que estou crescendo porque, pelo menos dessa vez, as piadas sobre gases ficaram longe das câmeras. (risos) Folha - "O Professor Aloprado" é uma refilmagem de um longa de Jerry Lewis. Está faltando bom humor no cinema norte-americano? Shadyac - Todos nós precisamos de um pouco mais de bom humor, é o modo natural pelo qual conseguimos superar as dificuldades de nossa vida. Hollywood tem que respeitar o humor cada vez mais. Folha - Você não ficou inicialmente preocupado com a bilheteria, em um filme em que Jim Carrey pretende estar mais sério? Shadyac - Sim, me preocupei, porque estava oferecendo às pessoas algo diferente, arriscado. Mas enfrentamos riscos diariamente. E todo risco tem a sua compensação. Nesse caso, foi o fato de as pessoas começarem a ver Carrey em um papel mais normal. Texto Anterior: Rede Cultura inicia hoje ciclo dedicado à obra de Sylvio Back Próximo Texto: Filme é de uma piada só Índice |
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