São Paulo, sexta-feira, 2 de maio de 1997
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Boca-de-urna confirma favoritismo; Blair pode ter a maior vitória em 150 anos no país

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Pesquisas de boca de urna indicavam ontem que Tony Blair será o próximo primeiro-ministro do Reino Unido, encerando 18 anos de administração contínua do Partido Conservador.
Segundo pesquisa da rede de TV BBC, os trabalhistas tiveram 47% dos votos, contra 29% dos conservadores. Os liberais-democratas vinham em terceiro, com 18%.
A BBC estimava que, se os trabalhistas vencerem a eleição com essa vantagem, podem obter uma maioria de 200 cadeiras no Parlamento, a maior dos últimos 150 anos.
Outra pesquisa de boca-de-urna, feita pela rede de TV ITN, previa que os trabalhistas teriam uma maioria de 159 deputados.
Blair deve ser o mais jovem premiê deste século no país. Ele encerra o governo mais longo do século -um quarto da população afirma que não se lembra das administrações trabalhistas. A última vitória eleitoral trabalhista fora em 1974.
Segundo estimativas prévias, o comparecimento às urnas foi alto, devendo superar os 70% registrados na eleição passada. O país tem quase 44 milhões de eleitores.
Mesmo com a divulgação da pesquisas, os conservadores ainda não admitiam a derrota. "Vamos esperar que o julgamento do povo fique claro. Aceitaremos esse julgamento", disse o presidente do partido, Brian Mawhinney.
Blair foi a sua seção eleitoral em Sedgefield, nordeste da Inglaterra, acompanhado da mulher, Cherie, e dos três filhos.
Ele parecia nervoso. Repórteres perguntaram se ele já se sentia primeiro-ministro. "Isso depende do povo", respondeu.
Confirmada sua vitória, Blair tem a partir de hoje um programa ambicioso de governo a cumprir.
Ele pretende gerar 250 mil empregos para jovens criando um fundo especial com a taxação de estatais que foram privatizadas.
O virtual premiê também pretende colocar em prática um programa ambicioso de reforma do ensino, fechando estabelecimentos ineficientes e reduzindo para 30 o limite de alunos por classe.
Os primeiros compromissos importantes são no mês que vem. Blair deve ir à cúpula dos países da União Européia em Amsterdã, onde anunciará a adesão do Reino Unido às cláusulas sociais do Tratado de Maastricht, depois de passar pelos EUA para o encontro dos sete países mais ricos do mundo.
O candidato trabalhista não quis embarcar no clima de otimismo que já dominava os simpatizantes do partido. Desde o início da semana, Blair vinha insistindo que a eleição só estaria decidida depois do fechamento das urnas.
Em 1992, o candidato trabalhista, Neil Kinnock, foi derrotado depois de estar na frente nas pesquisas, com uma vantagem menor.
Policiais com coletes à prova de balas vigiavam a seção eleitoral e a casa de Blair, nas imediações.
A ameaça de atentados do IRA não conseguiu afastar o eleitorado das urnas. Todo o processo eleitoral foi cercado por um forte esquema de segurança.
John Major votou acompanhado da mulher, Norma, no distrito de Huntingdon, ao norte de Londres. "Estou me sentindo confiante e completamente relaxado", disse.
As pesquisas vêm apontado consistentemente o favoritismo de Blair desde que ele assumiu a liderança do Partido Trabalhista, em 1994. Desde então, ele tem liderado uma mudança interna que conduziu o partido de raízes socialistas ao centro do espectro político -o que ele mesmo chama de Novo Trabalhismo.

LEIA MAIS sobre a eleição às págs. 13, 14 e 15

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