São Paulo, sexta-feira, 2 de maio de 1997
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Novo gabinete será anunciado hoje após encontro com a rainha

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Tony Blair deve anunciar seu gabinete hoje à tarde, depois de ir ao Palácio de Buckingham para um encontro com a rainha Elizabeth.
Segundo os analistas, três membros do gabinete paralelo dos trabalhistas no Parlamento têm presença certa no governo.
São eles: Gordon Brown, responsável pela condução da política econômica, Robin Cook, que será secretário das Relações Exteriores, e David Blunkett, na pasta da Educação.
A coordenação no novo governo deverá ficar a cargo de John Prescott, que vai ocupar a vaga de vice-primeiro-ministro, atualmente nas mãos de Michael Heseltine.
O escocês Brown, 46, promete ser a principal estrela do novo governo trabalhista.
Ele foi o coordenador da campanha eleitoral de Blair e é considerado um dos responsáveis pela vitória eleitoral.
O orçamento elaborado por Brown há seis meses foi decisivo para a mudança de imagem do partido. Até então, acreditava-se que qualquer governo trabalhista teria como prioridade aumentar impostos para financiar projetos sociais, o que afastava os eleitores britânicos.
Brown também deve estar no centro do principal ponto de tensão dentro do gabinete de Blair. Ele não tem boas relações com Prescott e Cook.
Blunkett será o primeiro cego a integrar um governo no Reino Unido. No início da semana, a imprensa especulou que a Secretaria da Educação já fazia preparativos para adaptar-se às necessidades de seu novo chefe.
Blair deve ter também uma ministra especialmente designada para cuidar da relação do Reino Unido com a União Européia.
Joyce Quinn, uma antiga deputada pelo partido no Parlamento Europeu, deve seguir para Bruxelas na segunda-feira.
Ela vai expor a postura "mais construtiva" do governo trabalhista em relação à UE.
Espera-se que o primeiro-ministro não se limite aos membros do gabinete paralelo dos trabalhistas para a escolha de seu ministério.
Um dos problemas para Blair é que ele, aos 43 anos, é o segundo membro mais jovem de seu próprio gabinete.
Considerando-se a possibilidade de um governo trabalhista bem-sucedido e de longo prazo, nenhum dos ministros conseguirá sucedê-lo, se apostar apenas na lealdade a Blair.
O maior medo é que, quando surgirem problemas, a ambição política faça com que os membros não se empenhem em resolver a crise. Pensando na possibilidade de suceder a Blair, eles poderiam se envolver em lutas internas pelo poder.
'Gabinete-sombra'
Pelo sistema de governo do Reino Unido, todos os membros do gabinete têm de, primeiro, ser eleitos deputados.
O partido da oposição com o maior número de parlamentares forma um "gabinete-sombra", com o mesmo número de integrantes do ministério do governo.
Cabe a esse gabinete paralelo, que agora vai ser formado pelos conservadores, fiscalizar a atuação do governo e apresentar propostas alternativas para a administração do país.
(PHB)

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