São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997 |
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Estreante, Semler escreve sobre o dinheiro
NELSON DE SÁ
Questionado sobre modelos de dramaturgia, agora que começa a escrever para o teatro, lembra que não teve as desventuras da vida de um Eugene O'Neill, o alcoólico autor americano de "Longa Jornada Noite Adentro" (1939/41). É a peça que, ao que indica, mais o marcou. Na conversa-entrevista em sua casa, num condomínio fechado em São Paulo, diz que era esse o tema que queria abordar, ao decidir escrever: o que acontece com alguém que, de uma hora para outra, perde o dinheiro. O que faz, como reage, como se amesquinha e se descobre. Autor já best seller, com "Virando a Própria Mesa" (1987, ed. Best Seller), relato de sua experiência empresarial, voltou-se para o teatro há quatro anos, com o dinheiro por tema. Diligente, saiu a campo para aprender a chamada carpintaria. Assistiu a peças obsessivamente. Lia os textos, depois via, livro na mão, o que acontecia, o que funcionava e como, no palco. Aos poucos, definiu-se pelo realismo de O'Neill e Arthur Miller. Escreveu "Cheque ou Mate" assim, ainda que com menos pungência -não viveu as desventuras, explica. É um "well-made play", como ele descreve, referindo-se à classe de peças "bem escritas", com tensão e diálogos algo surpreendentes, mas às quais falta a intensidade das obras-primas. A peça alcançou montagem sem o dinheiro do empresário, que convenceu Raul Cortez a co-produzir, tendo ambos levantado os patrocínios. Semler enfrenta certo desconforto com os cortes e alterações, mas é a sua primeira peça e ele prefere não interferir, diante da experiência de Cortez e do diretor Roberto Lage. Só aparece nos ensaios quando chamado. A trama: um velho empresário, Alberto, esforça-se para vender o que sobrou da empresa e gozar os anos que restam em Paris. Está doente e em crise com sua vida e família, em especial na relação perdida há décadas com o filho, Lelo. O anúncio do sequestro do neto vem questionar todos os seus planos e, principalmente, seu apego ao dinheiro. Ainda em ensaios, o elenco tem Lígia Cortez como a filha do empresário, Berta, na primeira vez em que a atriz divide o palco com seu pai, Raul. (NS) Texto Anterior: Berdinazzi vai ao teatro Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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