São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Índios exibem ritual doloroso em Manaus

ANDRÉ MUGGIATI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Os índios saterés-maués vão mostrar em Manaus, entre 12 e 16 de maio, o ritual da tucandeira, em que adolescentes têm de se submeter a mordidas de formigas.
A performance dos índios vai acontecer na exposição "Memórias da Amazônia", que está desde 3 de abril no Centro Cultural Palácio Rio Negro.
A exposição do acervo coletado pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira há 200 anos já recebeu 18 mil visitantes, desde a inauguração. A mostra termina no dia 3 de junho.
No ritual da tucandeira os adolescentes têm de colocar a mão em uma luva de palha recheada de grandes formigas pretas, chamadas de tucandeiras.
Os adolescentes de 10 a 15 anos ficam por cerca de três horas dançando, com a mão dentro da luva. Ao passar pelo ritual, os índios mostram que já são homens.
"Quando a gente mete a mão na luva da tucandeira parece que está pegando fogo, como se estivesse em um braseiro", diz Sateré, que passou pelo ritual aos 13 anos.
Para o ritual que será mostrado em Manaus, virão 18 índios dos municípios de Parintins e Barreirinha (localizados na fronteira do Amazonas com o Pará). Seis índios colocarão as mãos na luva.
Na aldeia, os índios submetem-se ao ritual por 20 vezes, divididas em duas etapas de dez dias consecutivos intercaladas por um descanso de dez dias.
Em Manaus, o ritual da tucandeira será exibido durante cinco dias. Aos visitantes da exposição os índios mostrarão suas danças e servirão as bebidas que fazem parte da festa.
O ritual será mostrado nas malocas (prédios principais das aldeias) que foram construídas por índios tuiucas e uaimiri-atroaris ao lado do Palácio Rio Negro, antiga sede do governo do Amazonas.
Nas malocas também há oficinas constantes de pintura indígena, trançado de palha e cerâmica, entre outras.
No palácio estão expostas as peças indígenas coletadas pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, entre 1783 e 1792, durante viagem pela Amazônia a serviço da coroa portuguesa.
O acervo foi deslocado do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa e da Universidade de Coimbra, especialmente para a exposição. O maior destaque são as máscaras que eram usadas pelos extintos índios jurupixunas em suas festas e rituais.
A organização da exposição também está tentando trazer rituais de outras etnias para serem apresentados em Manaus.
O evento é patrocinado pelos ministérios da Cultura, do Meio Ambiente, da Educação, Banco do Brasil e Governo do Amazonas.

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