São Paulo, terça-feira, 6 de maio de 1997
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Cientistas criam o sangue universal

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Cientistas anunciaram ontem ter desenvolvido um método capaz de transformar qualquer tipo sanguíneo num tipo universal, isto é, aquele que poderia ser recebido por qualquer pessoa.
Os testes já foram feitos em laboratório com sangue de humanos, ratos, camundongos e ovelhas e também em camundongos vivos. Os resultados, apresentados ontem no encontro da Sociedade de Pediatria, serão publicados na revista "Proceedings" da Academia Americana de Ciências.
Segundo os pesquisadores, do Centro Médico Albany e do Baylor College de Medicina, em Houston, o método também poderia ser útil em transplantes de órgãos, evitando a rejeição.
O estudo foi financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos EUA.
Os cientistas, liderados por Mark Scott, estudavam uma desordem no sangue chamada talassemia, que afeta a produção de hemoglobina.
A hemoglobina é a molécula contida nas células vermelhas do sangue que carrega o oxigênio para as diferentes partes do corpo.
Pacientes com a desordem têm de se submeter a transfusões sanguíneas constantes e normalmente enfrentam problemas, porque nem sempre conseguem um doador que tenha um tipo sanguíneo compatível com o deles.
A equipe conseguiu "cobrir" a superfície das células vermelhas do sangue com um polímero chamado polietileno glicol (PEG).
As moléculas de PEG, que se ligam à superfície das células, são capazes de "esconder" a parte da célula que leva à produção de anticorpos contra ela.
Um exemplo: uma pessoa com sangue tipo A possui na superfície de suas células vermelhas substâncias exclusivas dessas células.
Se recebesse sangue A, o sistema de defesa de um paciente sangue tipo B produziria anticorpos contra o sangue "estranho" (tipo A), que ele não reconhece.
Transfusões entre sangues não-compatíveis podem levar à morte do paciente.
"As células cobertas com PEG parecem normais e agem normalmente", disse Scott.
"Essa técnica, simples, seria muito importante para países do Terceiro Mundo, que têm problemas com bancos de sangue", conclui o pesquisador.

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