São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Marketing de Ivens Mendes assusta MG

XICO SÁ
ENVIADO AO PONTAL DO TRIÂNGULO (MG)

A campanha eleitoral precoce de Ivens Mendes, abastecida por um caixa forte e com uma pirotecnia de marketing ao estilo do ex-presidente Collor, tem assustado os políticos e até mesmo os eleitores de cidades pobres de Minas.
A bordo de um helicóptero, o ex-presidente da Conaf (Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol) costuma varrer uma dezena de municípios a cada visita na região do Pontal do Triângulo.
O helicóptero é uma forma de fugir dos buracos e da poeira das estradas ainda de terra, mas acaba funcionando com uma atração à parte em cidades esquecidas no mapa como Limeira do Oeste (a 680 km de Belo Horizonte) e a vizinha União de Minas.
"Nunca se viu alguém gastar tanto dinheiro com tanta antecedência de uma eleição", diz o zootecnista e administrador de empresas Jair Heitor Duarte, coordenador da Agência de Desenvolvimento do Triângulo, um programa ligado ao governo Fernando Henrique Cardoso.
Duarte foi tesoureiro da campanha do deputado federal Narcio Rodrigues (PSDB-MG), em 1994, e se diz assustado com a "aventura" do ex-chefe dos árbitros do país. Ele define a campanha precoce como "uma derrama" de recursos.
Para eleger um deputado federal, segundo avaliação de Jair Duarte e de outros ex-tesoureiros de campanhas, o pretendente gasta em média R$ 300 mil reais na região.
O problema são as fontes escassas de recursos nos municípios pobres do Triângulo, o que leva os candidatos a "passar o chapéu" entre fontes, como empresários, de outras áreas do Estado.
Os ex-tesoureiros avaliam que Ivens Mendes já tenha ultrapassado o valor, embora esteja distante a data do pleito, outubro de 98.
Forasteiro
Considerado um "pára-quedista", como são chamados forasteiros que se candidatam longe do seu domicílio eleitoral de origem, Ivens Mendes estava coletando recursos junto aos clubes, conforme as fitas reveladas pelo "Jornal Nacional", da Rede Globo.
Nem mesmo uma fazenda que possui na região costuma ser visitada por ele, segundo vizinhos.
O "vendaval" político de Mendes, como define o vice-prefeito de União de Minas, João de Freitas Leal (PPB), por onde passa deixa contratos ou promessas.
"Ele liga para a prefeitada toda e oferece para ajudar a cidade, diz que está com dinheiro", conta Leal. Nesse ritmo, União e Limeira do Oeste já garantiram o contrato para construção e reforma dos seus campos de futebol.

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