São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997
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Dublês de corpo substituem atores em cenas de nudez na TV e no cinema

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário do que sugere o título, as cenas mais ousadas de "Dona Flor e seus Dois Maridos", minissérie atualmente em fase de produção pela Rede Globo, são realizadas com duas mulheres e um homem.
Edson Celulari (Vadinho) grava com Giulia Gam (Dona Flor) as cenas de expressão facial e, quando a protagonista precisa tirar a roupa, quem se encarrega do serviço é a estudante Débora Stroligo, 19, contratada como dublê de corpo da atriz.
"Primeiramente, a equipe passa a cena com a Giulia para pegar o seu rosto. Depois, eu entro para fazer os detalhes de corpo. Por exemplo, a cena que mostra Vadinho tirando a calcinha de Flor na praia, no dia em que eles transam pela primeira vez, fui eu que fiz", conta a estudante, que também apareceu nua em episódio da série "A Justiceira".
O dublê de corpo, profissional reconhecido no setor publicitário (leia texto na pág. 5), passou a ser mais requisitado na TV e no cinema. "A produção tem de contratar esse tipo de dublê quando o ator ou atriz não quer tirar a roupa por pudor ou por achar que seu corpo já não está em plena forma", diz Alexandre Hanszmann, 45, produtor-executivo da Chroma Television.
Outro exemplo de produção que recorreu ao dublê de corpo foi "O Homem Nu", filme dirigido por Hugo Carvana, que estréia nesta sexta-feira -com pré-estréia na terça, com promoção do canal Multishow, no Espaço Unibanco de Cinema.
Com roteiro adaptado da obra de Fernando Sabino, "O Homem Nu" mostra as aventuras de um homem que acaba sem roupa do lado de fora do apartamento. O ator escalado para o papel-título foi Cláudio Marzo, mas quem gravou nu correndo e andando de bicicleta pelas ruas do Rio de Janeiro foi o agrônomo Elder Aragão, 33.
"Nas cenas externas, pude usar apenas um tapa-sexo. Mesmo assim, confesso que fiquei constrangido em alguns momentos, principalmente quando tive de atravessar de bicicleta a avenida Vieira Souto, em Ipanema, com uma multidão me observando", lembra o dublê.
O diretor Hugo Carvana afirma que Aragão foi contratado "por uma questão física e não por problemas de ordem moral". "Cláudio ficou nu para fazer cenas de interiores. Mas, como o personagem passa 98% do filme em plena maratona física, usamos o dublê para não desgastar o ator. Além disso, se Cláudio aparecesse nu pelas ruas, o transtorno seria ainda maior."
Giulia Gam, 30, diz que a produção de "Dona Flor e seus Dois Maridos" decidiu lhe oferecer uma dublê para agilizar as gravações. "Ela faz as marcações no meu lugar. E como o meu penteado demora cerca de duas horas para ficar pronto, ela também adianta fazendo as cenas em que a personagem aparece de costas com o cabelo molhado."

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