São Paulo, domingo, 11 de maio de 1997 |
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Publicidade usa 'dublador' de mãos
ELAINE GUERINI
Carla Azzolini, 28, atua há dez anos fazendo detalhes de mão em comerciais de TV e anúncios impressos. Ela já "dublou" as mãos de personalidades como Xuxa, Luiza Thomé e Sônia Braga. "A grande vantagem, com relação aos modelos, é que posso trabalhar para marcas concorrentes e não preciso me preocupar com a superexposição." Suas mãos aparecem atualmente no comercial do sabonete Vinólia -em que o produto se transforma em uma flor. "Até na cena em que a modelo aparece passando o sabonete no ombro a mão em destaque é a minha. Para não mostrar o meu rosto, me escondi atrás dela." Esse trabalho exige alguns cuidados especiais. "As pessoas se esquecem da mão, mas é a primeira coisa que envelhece no corpo", diz a dublê, que passa creme anti-rugas toda noite, não toma sol nas mãos, visita a manicure pelos menos duas vezes por semana e evita os serviços domésticos ("é sempre uma boa desculpa"). Segundo Carlos Mendes, 41, diretor da Chroma Productions, o detalhe de mão é o mais requisitado na publicidade. "Deus não dá tudo para um só. A modelo pode ter um rosto lindo, mas dificilmente tem tudo perfeito." Mendes diz que, com o plano fechado, qualquer imperfeição na mão "grita" no vídeo. "Uma cutícula malcuidada ou uma manchinha podem estragar tudo. A mão deve estar impecável. Afinal, é ela quem manuseia a embalagem do produto." Karina Bacchi, 20, é especialista em "dublar" pés -já os emprestou em campanhas de calçados para as atrizes Patrícia Pillar, Débora Bloch, Camila Pitanga, Glória Pires e Maitê Proença. "Para fazer o trabalho é preciso usar calçado número 35, ter os dedos em escadinha, não ter veias saltadas e ir ao pedicure duas vezes por semana", conta a dublê, que cobra no mínimo R$ 600 por diária. Outro profissional na área é Rogério Bizzocchi, 29, que atua "dublando" mãos. "Fui descoberto por acaso. Como eu trabalhava com produção de comerciais, um dia o diretor de elenco decidiu filmar as mãos do pessoal da equipe para um trabalho de última hora. Para minha surpresa, escolheram a minha." Maristane Dresch, 25, já fez detalhes de boca, olho, pé e mão em comerciais. "Parece fácil, mas não é. Depois de ficar 15 horas gravando sequências com o pés, desisti", lembra. Ela reconhece que o trabalho tem sido cada vez mais valorizado no meio publicitário. "O problema é que você vira escravo de determinada parte do corpo. Se atuar com o pé, por exemplo, não pode usar qualquer tipo de sapato, entre tantos outros cuidados." (EG) Texto Anterior: Profissional busca semelhança Próximo Texto: SBT começa a gravar "Chiquititas" Índice |
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