São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Censo é ineficiente, dizem educadores

LUCIANA BENATTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de vagas nas escolas da rede pública de São Paulo será maquiada pelo resultado do cadastramento que está sendo feito pela Secretaria Municipal da Educação, segundo educadores ouvidos pela Folha. O objetivo é conhecer o número real de crianças com 7 anos que estão fora da escola.
Nos dois primeiros dias do cadastramento, que começou quinta-feira, houve 93 inscrições.
Uma pesquisa divulgada no início do ano estimou em 244 mil o número de crianças de 4 a 14 anos fora da escola (veja quadro).
Para o secretário municipal da Educação, Régis de Oliveira, até ontem procura foi pequena porque as crianças que completam 7 anos até 30 de junho estão bem atendidas. Ele afirmou que a procura maior deve ocorrer a partir de hoje, quando começa o cadastramento das que completam 7 anos entre 1º de julho e 31 de dezembro.
Segundo ele, a secretaria não gastou "nem um tostão" para realizar o cadastramento. Não foram feitas propagandas institucionais.
"Essa campanha foi feita entre quatro paredes", diz Elisa Toneto, do Movimento Pró-Educação.
Para a coordenadora do Fórum Municipal de Educação, Giulia Pierro, a iniciativa é uma deturpação da proposta feita pela entidade em uma audiência pública na Câmara Municipal no início do ano. "É só para mostrar serviço, só para dizer que fez", diz Giulia.
Para ela, o cadastramento deveria ser feito em todas as escolas da rede e não só nas delegacias. O secretário rebate a crítica dizendo que "nada impede que seja feito também na própria escola".
Apesar de concordar com a necessidade do censo, o ex-secretário municipal da Educação, Mario Sergio Cortella, diz que, do modo como está sendo feito, vai indicar uma realidade inexistente.
A vereadora Anna Maria Quadros (PSDB) enviou ontem à secretaria um pedido para que faça um novo cadastramento nas escolas, com maior divulgação. Segundo a vereadora Aldaíza Sposati (PT), o censo escolar, previsto na Lei Orgânica do Município, não é feito desde 77. Ela vai apresentar um projeto de lei tornando obrigatória sua realização no segundo ano de cada gestão.

Texto Anterior: Empresários negros criam associação
Próximo Texto: Câmara vai recusar Plano Diretor de Pitta
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.