São Paulo, terça-feira, 13 de maio de 1997
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BRASIL X EUA

O confronto econômico entre Brasil e EUA assume formas variadas, que raramente se tornam conflitos abertos. Hoje, entretanto, a necessidade de definir o cronograma de um projeto mais amplo de integração das Américas exige o máximo de clareza sobre as agendas econômicas que envolvem os dois países. É preciso distinguir, por exemplo, o que é desafio do que é ameaça.
Quando autoridades norte-americanas afirmam que o Brasil exporta pouco para o seu mercado "por incompetência", ganha força a dimensão dos desafios econômicos.
Afinal, se por "incompetência" entende-se a incapacidade de produzir com custos competitivos, com apoio financeiro adequado, com mão-de-obra qualificada e tecnologias de ponta, de fato ainda são enormes os desafios que se colocam para todo o Brasil e principalmente para a política econômica do país.
Entretanto, quando as autoridades brasileiras denunciam barreiras não-tarifárias impostas pelo governo dos EUA, o que está em jogo não é um diagnóstico sistêmico de competitividade ou "competência", mas um fato bastante documentado e que o governo norte-americano não nega: o protecionismo praticado pelos Estados Unidos afetou 26% das exportações brasileiras destinadas àquele país em 1996.
Outra forma de colocar a questão é estabelecer uma diferença fundamental entre obstáculos e barreiras.
De um lado, o Brasil ainda precisa superar inúmeros obstáculos internos na corrida rumo a uma inserção adequada de sua economia nos mercados globais, não apenas nos EUA.
De outro, a corrida de obstáculos será infrutífera se, ao fim de tudo, houver barreiras intransponíveis, fruto da unilateralidade com que a maior potência econômica do planeta trata suas relações externas.
No campo estrito da diplomacia, entretanto, é evidente que, enquanto um falar de barreiras e outro remeter à competitividade, será impossível ir além de um diálogo de surdos.

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