São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Ronivon diz que gravação faz parte de 'jogo político' para prejudicá-lo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Ronivon Santiago (PFL-AC) disse ontem que as gravações nas quais ele afirma ter recebido dinheiro para votar a favor da emenda que possibilita a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso seria uma armação, parte de um "jogo político" com o objetivo de prejudicá-lo.
"Existe uma pessoa, cujo nome não vou revelar agora, que está sem mandato e tem ligações com o (Paulo) Maluf (ex-prefeito de São Paulo) e tem interesse em atingir os deputados do Acre e o Orleir (Cameli, governador do Estado)", afirmou Ronivon.
Segundo ele, tudo faz parte de uma disputa política na esfera estadual. "Eles (o grupo político rival) sabem que eu tenho poder no Acre e ajudei a eleger o governador."
"Acredito que a Folha teve segurança para publicar a notícia, mas acho que a pessoa (que denunciou) usou de má-fé. Quero saber de onde vieram essas informações. Estou tranquilo, com a consciência tranquila porque sei que não tive nenhuma conversa nesse sentido."
Montagem
Sobre a gravação, Ronivon disse que a fita de áudio "pode muito bem ter sido montada". O deputado afirmou que a voz na fita não é sua, apesar de não tê-la ouvido.
Ronivon afirmou ainda que definiu sua posição bem antes da votação. Sua assessoria divulgou ontem correspondência enviada ao presidente Fernando Henrique Cardoso no dia 27 de janeiro, um dia antes da votação da emenda da reeleição na Câmara, na qual confirma seu apoio ao governo.
Diz a carta: "Em consonância com a vontade maior de meus eleitores acreanos e, diante de minha lealdade ao senhor governador Orleir Cameli, venho de pronto reafirmar o meu insofismável apoio à votação da reeleição ou em outro momento em que o insigne presidente achar que meu voto for indispensável à aprovação de seus pleitos".
Ronivon disse ter procurado o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para pedir a abertura de uma sindicância para apurar as denúncias.
"Vou me defender na hora certa, após ouvir a fita e saber quem é o Senhor X, apontado pela Folha como meu interlocutor. Enquanto isso, podem falar o que quiserem", afirmou.
Segundo ele, a comissão de sindicância tem poderes para convocar o jornal para que esclareça a origem da fita.

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