São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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FHC afirma desconhecer barganha; ministro não vê risco para emenda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O porta-voz do Palácio do Planalto, Sergio Amaral, disse ontem que o presidente da República não tinha qualquer conhecimento sobre a compra de votos em favor da emenda da reeleição e desafiou que apontem no "Diário Oficial" barganhas feitas pelo governo.
"O presidente acha que essas denúncias são graves e devem ser investigadas pela Câmara. O governo repudia qualquer tipo de barganha e tem se recusado a isso. E esses fatos que no passado foram apontados têm de ser fundamentados. Onde é que existe no 'Diário Oficial' qualquer tipo de evidência que comprova que o governo tenha cedido em troca de votos?", perguntou Amaral.
Para o governo, "tudo pode ser dito numa fita". Por isso, segundo ele, "é preciso saber se o que é dito tem fundamento, tem pelo menos algum indício que possa ser verdadeiro, pois não se pode tomar medida sem fundamentação".
Segundo o porta-voz, o presidente está convicto que seus assessores próximos não têm participação no esquema e que essa prática não foi estimulada pelo governo.
"O governo repudia esse tipo de comportamento político que é objeto dessa acusação, mesmo porque se ele não aceita nem a barganha de votos por nomeações, muito menos vai aceitar um comportamento que é inteiramente incompatível com o modo de ser deste governo", declarou.
O presidente, segundo Amaral, não vê necessidade de uma "corrente de saneamento para evitar barganhas políticas", como sugeriu ontem o secretário-geral do PSDB, deputado Arthur Virgílio (AM), "porque o presidente se recusa a fazer essas barganhas."
O porta-voz aproveitou para mandar um recado à base governista para a votação das reformas constitucionais. "Já é tempo de a base parlamentar e os deputados em geral assumirem suas responsabilidades perante a sociedade".
O porta-voz afirmou que, em nenhum momento, o presidente conversou com governadores ou "com quem quer que seja" sobre esse tipo de barganha. FHC afirmou que tem mantido esse ano um grande número de encontros com governadores, e que na véspera da votação do primeiro turno da emenda da reeleição recebeu 13 governadores, e não apenas os do Amazonas e do Acre.
Segundo Amaral, não houve determinação por parte do governo para que a Polícia Federal investigue as denúncias. "Por enquanto, a competência é da Câmara que já tomou as providências para isso. A polícia atuará se houver justificativa para isso", afirmou.
Paulo Renato
Para o ministro da Educação, Paulo Renato, a compra de votos para a votação da reeleição "é um assunto localizado. É comum num universo grande como o dos deputados. Sempre haverá pessoas que são inescrupulosas e se dispõem a esse tipo de negociação".
Na avaliação do ministro da Educação, a denúncia não trará prejuízo à tramitação da emenda da reeleição. "O governo não tem nada a ver com isso", acrescentou Paulo Renato. Amaral também acha que não há risco de interferência no processo da reeleição.

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