São Paulo, quarta-feira, 14 de maio de 1997
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Time de Recife 'globaliza' seus jogadores

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Os jogadores do Unibol, primeiro clube-empresa de futebol do Nordeste, estão recebendo aulas de inglês, literatura brasileira e cultura japonesa.
Os cursos são patrocinados pelo próprio clube, que foi criado em 1996, em Recife, com o objetivo de descobrir novos talentos para exportá-los a partir de 1999.
Segundo o presidente do Unibol, Pedro Ivo Moura, as atividades fazem parte da estratégia da empresa de investir na formação de seus "funcionários".
As aulas de inglês são ministradas duas vezes por semana, em quiosques ao lado do campo de futebol da UPE (Universidade de Pernambuco), onde treina o time.
A cultura japonesa e a literatura são ensinadas uma vez por semana. O técnico Inaldo Alves é quem mostra aos atletas como são os hábitos orientais. Alves morou três anos no Japão, onde trabalhou como auxiliar técnico do ex-goleiro Emerson Leão -na época treinador do Shimizu S-Pulse.
"Tento passar para eles minha experiência num país muito diferente do Brasil, para que não sejam surpreendidos no futuro", disse.
O Unibol planeja ainda mostrar como são a Inglaterra, os EUA, Espanha e Portugal, potenciais mercados para seus jogadores.
A meta do clube, segundo o presidente Moura, é fazer com que os atletas "tenham mais chances de se adaptar no exterior, com os futuros colegas de trabalho".
Auto-ajuda
O projeto da equipe inclui também intercâmbios internacionais -a princípio com times latinos- e a realização de um programa de auto-ajuda para os jogadores.
O curso de melhoria da auto-estima e desenvolvimento pessoal está marcado para começar em 20 de maio, com final previsto para o início de junho.
"Contratamos três especialistas, dos EUA, de São Paulo e de Recife. Eles trabalharão para melhorar a cabeça do pessoal", disse Moura.
Segundo ele, o Unibol investiu cerca de R$ 350 mil em oito meses de existência. Dos R$ 30 mil que gasta por mês, cerca de R$ 10 mil vão para recursos humanos.
A experiência tem agradado aos jogadores-funcionários -jovens com idades entre 16 e 21 anos, que disputam a segunda divisão de olho no mercado internacional.
Para eles, ganhar mais que os R$ 120,00 que recebem por mês não é a prioridade. "Aqui, nos preparamos é para o futuro", diz o goleiro Herbert Fernandes, 20.
Aluno do terceiro ano de engenharia civil, Fernandes sonha em jogar no Japão, onde acha que pode ganhar "dinheiro e projeção".
Fã do goleiro Zetti, do Santos, ele calcula que terá condições de ser "exportado" pelo Unibol no ano 2000, após concluir seu curso.

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