São Paulo, segunda-feira, 19 de maio de 1997
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Laudo fará juiz pedir novos depoimentos

Há suspeitas de estrangulamento

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Nova perícia sobre a circunstância das mortes de PC Farias e Suzana Marcolino concluiu que existe falta de provas de que Suzana disparou o tiro que matou PC e que tenha se suicidado.
Os laudos da perícia não apresentam provas de que houve uma terceira pessoa no quarto, onde os corpos foram encontrados em 23 de junho do ano passado.
"A nova perícia traz um forte indicativo de que houve um duplo homicídio, o que dá novo rumo às investigações e vai provocar a coleta de novos depoimentos", afirmou o juiz Alberto Jorge Correia de Lima, responsável pelo caso.
Pelo primeiro laudo oficial, preparado por peritos alagoanos e pela equipe do legista Fortunato Badan Palhares, da Unicamp, Suzana matou PC e em seguida se matou.
O novo laudo foi divulgado ontem em Maceió (AL) pelos legistas Genival Veloso de França (Universidade Federal da Paraíba) e Daniel Romero Munhoz (Universidade Estadual de São Paulo) e pelo criminalista Domingo Tochetto (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), todos nomeados pela Justiça alagoana.
O laudo divulgado está incompleto. Faltam exames do osso estióide direito, no pescoço, e que os legistas encontraram fraturado na exumação que fizeram na semana passada no corpo de Suzana.
Os legistas querem identificar há quando tempo o osso estióide estava quebrado para poder afirmar se houve ou não o estrangulamento de Suzana no dia do crime.
O principal argumento da nova equipe para afirmar que não há base científica na conclusão inicial de que foi Suzana a autora dos dois tiros está no fato de que o exame residuográfico feito nas mãos dela para identificar a presença de elementos químicos expelidos pelo tiro não foi conclusivo.
"Não temos como dizer que não houve suicídio. Mas a falta de elementos químicos como chumbo, bário, antimônio, aliada à distância do tiro, a forma atípica de empunhadura da arma sugerida na perícia anterior e a ausência de sangue na arma são evidências contra o suicídio", diz o laudo.
Tochetto escreveu no laudo que seria impossível afirmar que Suzana deu o tiro contra o próprio peito sentada, como concluiu Badan Palhares. "A perícia do laudo baseou-se em uma trajetória errada da bala que matou Marcolino. Eles não levaram em conta o desvio de trajetória que a bala descreveu após chocar-se com uma costela dela".

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