São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Líder de invasão é "importado" do ABC

MARCELO OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Movimento dos Sem-Terra pela Moradia do ABC foi fundado e é baseado em Santo André há mais de 10 anos. O grupo não tem vínculo com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, o MST rural, que luta pela reforma agrária. A direção do grupo, que não é vinculado a movimentos de moradia organizados da cidade de São Paulo, alega também não ter vínculos políticos.
O grupo é presidido por Jussara Lima Duarte. Ela é mulher de Ademar Luiz Machado, 40, que comanda, na prática, as ações do movimento.
Segundo Machado, o nome de Sem-Terra surgiu no início do movimento. "A gente fazia invasões de terrenos cuja propriedade era discutida."
"Como as pessoas que nos procuravam queriam terrenos para construir casas, o movimento foi batizado de 'sem-terra'."
Reforma urbana
Machado, um ex-marceneiro, natural de Eucuporanga, no Espírito Santo, alega que o MST rural era desconhecido em São Paulo por ocasião da fundação do movimento do ABC.
"Defendemos a reforma urbana e eles a reforma agrária, mas a nossa luta é a mesma." Machado afirma que não tem nenhum contato com o MST rural. "Não conheço ninguém. Gostaria de um dia poder conversar com o José "Zé" Rainha Júnior (um dos líderes nacionais do MST)."
Segundo Machado, apesar do grupo ser baseado em Santo André, resolveu apoiar os sem-teto da zona leste após a invasão do conjunto da CDHU em construção na antiga Fazenda da Juta.
"Vimos o problema deles numa reportagem da TV e resolvemos ajudar. Participantes do grupo também nos procuraram."
Segundo Machado, os grupos de sem-teto da zona leste de São Paulo são desorganizados.
"Pretendemos expandir as ações do MST do ABC e criar um movimento forte aqui. Na zona leste ninguém conhece movimentos organizados. O que existe aqui são pessoas esperando na fila por casas da CDHU."
Falta de articulação
Raimundo Bonfim, coordenador de comunicação da Central de Movimentos Populares, grupo de movimentos civis que congrega grupos de sem-teto, como a União dos Movimentos de Moradia (UMM), afirmou que os "Sem-Teto do ABC" não são "articulados."
"Apesar de não ser um movimento filiado à Central, estamos ao lado da causa deles, que lutam por um pedaço de chão."

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