São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Receita Federal instaura 35 sindicâncias

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A Receita Federal já abriu, até o momento, 35 sindicâncias para apurar envolvimento de transportadoras, despachantes e funcionários da Infraero com a "máfia de Cumbica", que desviou centenas de milhões de reais em cargas.
Segundo revelou a Folha, os desvios aconteciam no caminho entre o aeroporto, localizado em Guarulhos, e os armazéns alfandegados, extensões da alfândega para estocagem de contêineres.
O transporte das cargas só pode ser feito por meio de DTA (Declaração de Transporte Aduaneiro) e apenas por transportadoras previamente cadastradas na Receita.
Pelo trâmite normal, a carga é deixada no seu destino e uma via da DTA, preenchida por funcionários do armazém, é entregue no aeroporto, comprovando o envio da mercadoria. Pelo esquema da máfia de Cumbica, a carga era desviada no meio do caminho e uma DTA falsificada era entregue no aeroporto. O esquema vem acontecendo desde 95.
Até o momento, 12 transportadoras tiveram o cadastro na Receita cassado. No total, cerca de 80 empresas estão sendo alvo de investigação. Mais duas transportadoras devem perder o registro. A Receita já identificou cerca de 60 pessoas envolvidas de alguma forma com as irregularidades.
Ameaças de morte
Francisco Labriola Neto, inspetor-chefe da alfândega do aeroporto de Cumbica, afirmou ontem que auditores infiltrados que investigavam as irregularidades receberam ameaças de morte.
Dois deles abandonaram o caso e foram transferidos para Minas Gerais. "Eles foram reconhecidos." O inspetor afirmou que os carros dos dois auditores chegaram a ser danificados por supostos integrantes da máfia.
No total, de acordo com Labriola Neto, nove funcionários da alfândega estão recebendo proteção da Polícia Militar.
Apesar de investigar o caso há cerca de seis meses, o inspetor não tem garantias de que as irregularidades terminaram. "Estamos fazendo pente-fino, mas uma ou outra carga pode continuar sendo desviada", afirmou.
Para tentar eliminar de vez o risco de fraudes, o inspetor informou que a Receita vai informatizar o sistema de trânsito aduaneiro, implantando no segundo semestre a DTA eletrônica, que permite o monitoramento dos contêineres por computador.

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