São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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SP terá greve de ônibus, mas não de metrô

DA REPORTAGEM LOCAL

O sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus da cidade de São Paulo decretou ontem greve por tempo indeterminado a partir da 0h de hoje. A paralisação deve afetar cerca de 5,5 milhões de passageiros, segundo a SPtrans (empresa que gerencia o transporte coletivo na cidade).
A decisão foi tomada em assembléia no final da tarde de ontem, com participação de cerca de 600 pessoas. A categoria tem 55 mil trabalhadores.
Os metroviários aceitaram a proposta de reajuste do Metrô e não vão participar da greve. Funcionários da Sabesp e da Cetesb e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), que fizeram assembléias ontem, também não vão aderir.
O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) julgou anteontem o dissídio coletivo dos motoristas e cobradores e arbitrou para a categoria um reajuste salarial de 8% e elevação do valor do tíquete-refeição de R$ 6 para R$ 6,20, aceito pelo Transurb, o sindicato patronal.
O prefeito Celso Pitta disse que a greve é "ilegal" e ameaçou punir os grevistas, inclusive com demissões. Segundo a prefeitura, os motoristas e cobradores cadastrados na SPTRans serão convocados para substituir os que faltarem.
A categoria, que pede reajuste de 11,66%, convênio médico gratuito e elevação do valor do tíquete para R$ 8, não acatou a decisão do TRT.
Na assembléia, a diretoria do sindicato chegou a defender a proposta de aceitar os 8% concedidos pelo tribunal e só fazer greve se a tarifa de ônibus for reajustada. Os militantes, no entanto, não aceitaram a proposta e a diretoria acabou voltando atrás.
"A responsabilidade pela greve não é só da diretoria, mas de todos os que estão aqui na assembléia", disse José Alves do Couto Filho, presidente do sindicato.
Ele afirmou que o prefeito terá que demitir toda a categoria para acabar com a greve.
A passagem de ônibus na capital custa R$ 0,80. Em algumas cidades do ABC (Grande São Paulo), onde foi concedido reajuste de 10,21% aos motoristas e cobradores, a passagem de ônibus já custa R$ 1.
Ontem, a pedido do Ministério Público, o TRT concedeu liminar estabelecendo que, no mínimo, 50% da frota de ônibus esteja circulando hoje. O tribunal também estabeleceu que os responsáveis pela greve terão que pagar multa diária de R$ 150 mil.
Diretores do sindicato dos condutores afirmam que a categoria não deve cumprir a determinação do TRT porque não foram notificados oficialmente.
O Transurb instruiu suas empresas filiadas a começar ontem a passar circulares convocando seus empregados para o trabalho hoje.
O sindicato das empresas também informou que está mandando telegramas convocatórios às casas dos motoristas e cobradores para que eles trabalhem hoje.

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