São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Lokua Kanza volta em CD

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

O cantor e violonista zairense Lokua Kanza foi a grande atração do Heineken Concerts 97. Desconhecido por aqui, ele roubou o ótimo show de Djavan, ofuscou completamente Al Jarreau e foi interrompido diversas vezes pela platéia que aplaudia de pé, provocando um arrebatamento difícil de se ver nos palcos.
Quem não teve a oportunidade de vê-lo ao vivo tem agora a chance de conhecer seu trabalho com algumas compensações.
O selo Unlimited está lançando aqui, pela Milan/BMG, o segundo e mais recente disco do cantor, "Wapi Yo".
No disco, Lokua mostra todas as qualidades exibidas nas curtas apresentações feitas no meio dos shows de Djavan no Heineken, em Curitiba e São Paulo.
Com formação de música clássica e jazz e amante da música brasileira, Lokua é um compositor inspirado que constrói melodias refinadas. Para quem o viu em cima de um palco, entretanto, sua característica principal e mais emocionante é a forma como ele usa sua belíssima voz, de grande extensão.
Nesse caso, o disco é uma reafirmação. Os diversos usos da voz impressionam. "Wapi Yo" começa com "Mungu", uma música cantada por um coro em swahili (uma das línguas da região), sem acompanhamento instrumental.
Lokua sabe de seu virtuosismo vocal e usa e abusa dele em quase todas as músicas.
Como em "Sallé", cantada em lingala (a principal língua do Zaire), e que Lokua mostrou no Brasil.
O ápice desse uso, ou abuso, é em "Life", certamente a mais experimental do disco.
Mas mesmo nos momentos em que o cantor opta pelo pop o resultado é bom. É o caso de "C'est Ma Terre", cantada em francês, ou em "Shadow Dancer" -que aparece em duas versões, em inglês e em francês.
Para além de seu talento, a principal qualidade de Lokua, entretanto, é comprovar que a música africana não é um amontoado de atabaques tocado de modo tosco.
Lokua se esquiva dos clichês e mostra quão delicada a música africana pode ser.

Disco: Wapi Yo
Artista: Lokua Kanza
Lançamento: Unlimited (Milan/BMG)
Quanto: R$ 18 (o CD, em média)

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