São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 1997
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Problemas de saúde retêm Mobutu no Togo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Mobutu Sese Seko, o presidente deposto do Zaire (atual República Democrática do Congo), está sendo obrigado a prolongar a estadia em Lomé, capital do Togo (oeste da África), devido a seu estado de saúde.
Ele sofre de câncer na próstata e não pode receber visitas. O vôo até o exílio, há três dias, deixou Mobutu muito fraco, segundo uma fonte do governo do Togo.
Mobutu, que governou o Zaire por quase 32 anos, saiu da capital, Kinshasa, no sábado, um dia antes da entrada triunfal dos guerrilheiros de Laurent Kabila, depois de sete meses de guerra civil.
Foi para um de seus palácios, em Gbadolite, no norte do país. Segundo a TV do Togo, Mobutu foi obrigado a sair de Gbadolite às pressas no domingo à noite.
Os rebeldes teriam chegado a disparar contra o avião de carga de fabricação russa que o levava à capital do Togo.
Fontes próximas ao governo do togolês disseram que a família de Mobutu deve ir para Marrocos e, depois, para a França.
Mobutu está acompanhado pela mulher, Bobi Ladawa. Ele foi operado na Suíça, há nove meses, e também recebeu tratamento na França.
Ao deixar o ex-Zaire no domingo, Mobutu teve de pousar no Togo para uma escala técnica, segundo fontes do governo togolês.
O governo de Lomé teria então concordado, relutantemente, em deixar Mobutu ficar por mais algum tempo no país, devido ao seu estado de saúde.
O Togo, um pequeno país no litoral ocidental da África, é governado por um outro velho homem-forte africano e amigo de Mobutu, Gnassingbe Eyadema.
Mobutu está hospedado no palácio presidencial de Lomé. Eyadena, que estava fora da cidade quando Mobutu chegou, vive numa instalação do Exército.
Preocupado com as relações com Kabila, o governo do Togo vem mantendo silêncio sobre a presença de Mobutu e de membros do seu clã no país.
Pelo menos cem pessoas ligadas ao ex-presidente zairense estão hospedadas nos hotéis de luxo de Lomé.
Segundo funcionários do aeroporto de Lomé, anteontem à noite, o capitão Mobutu Kongolo, filho do ex-presidente, e mais 84 parentes chegaram à cidade, procedentes de Brazzaville, capital da República Popular do Congo (vizinha do ex-Zaire).
Apenas cinco pessoas -inclusive Kongolo, conhecido como "Saddam Hussein"- obtiveram visto. As outras estariam ainda retidas no aeroporto. Outros membros do clã estão em Brazzaville.

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