São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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Fazendeiros "espionam" sem-terra

RUBENS VALENTE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Famasul (Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul), que congrega 53 sindicatos com 18 mil filiados, está orientando os produtores rurais a criar uma "rede de informação" para impedir invasões de terras em Mato Grosso do Sul.
A entidade quer que os sindicatos mantenham vigilância permanente nos acampamentos dos sem-terra.
A Famasul usa como exemplo a experiência do Sindicato Rural de Bataguassu (320 km de Campo Grande), que há dois anos "monitora" os sem-terra da região, segundo o presidente da Famasul, José Armando Amado, 36.
"Nosso pessoal está 'de olho' e informa qualquer anormalidade", disse Amado. Ele chama de "anormalidade" o movimento de caminhões e o aumento do número de famílias, que, para ele, seriam sinais de uma possível nova invasão.
Em dois anos, houve apenas uma invasão na região de Bataguassu. A vigilância se concentra no único acampamento de sem-terra, ligado à Fetagri (Federação dos Trabalhadores da Agricultura).
O presidente da Famasul disse que os dirigentes do sindicato nunca utilizam o mesmo telefone para passar ou receber informações sobre os sem-terra.
Antecipando-se às invasões, os fazendeiros têm tempo para providenciar medidas jurídicas que evitem a entrada dos sem-terra. Amado negou que os fazendeiros tenham pessoas infiltradas entre os sem-terra ou estejam montando milícias armadas.
Amado disse que, apesar do "exemplo de Bataguassu", os sindicatos podem tomar outras providências. O de Nova Andradina (240 km de Campo Grande) recriou há dois meses a UDR.

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