São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
Próximo Texto | Índice

Acordo salarial privilegia benefícios

SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As categorias de trabalhadores do setor industrial estão conseguindo ampliar a garantia de benefícios sociais nos contratos coletivos, segundo estudo feito pelo economista José Pastore para a CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Com a estabilização da inflação, os trabalhadores têm dificuldades para zerar as perdas salariais, mas estão conseguindo aumentar os benefícios não monetários nas negociações coletivas.
O estudo mostra que, de 1991 para 1996, o pagamento do auxílio-alimentação aumentou de 10% dos acordos e convenções coletivas para 34%.
Nesse período, a assistência médico-odontológica passou de 3% para 11% dos acordos e o auxílio-creche foi ampliado de 3% dos contratos para 19%.
Segundo Pastore, muitas empresas concedem benefícios como, por exemplo, transporte próprio e restaurante, mas eles não são incluídos nas convenções. Isso significa que o aumento pode ser ainda maior do que o registrado.
Justiça do Trabalho
A ampliação dessas garantias pode ser explicada, de acordo com o economista, pela mudança dos centros das negociações entre patrões e empregados.
"A negociação hoje envolve itens de valor que vão muito além do salário, e muitos benefícios são concedidos fora da negociação."
Cerca de 50% dos acordos assinados no ano passado contemplam reajustes que ficaram abaixo da inflação do período.
Nos tribunais da Justiça do Trabalho, 47% dos casos julgados, segundo mostra o estudo, resultaram em reajustes iguais à inflação passada ou abaixo dela.
Outro fator que tem influenciado as negociações trabalhistas é a concessão de participação em lucros e resultados.
José Pastore estima que mais de um terço das grandes empresas já implantou programas de participação nos lucros, tendo como base metas de produtividade e assiduidade.
A adoção da remuneração variável está crescendo, enquanto a prática de conceder antecipações para compensar perdas inflacionárias está diminuindo, explica o economista.
Segundo ele, entre as empresas de grande porte, cerca de 38% concedia antecipações em 95. No ano passado, esse índice caiu para 2%.

Próximo Texto: Ritmo menor; Bode na sala; Corda no pescoço; Nos trilhos; Rede maior; Na onda; Engatando a primeira; Guerra de juros; Suspirando aliviados; No cartão; Compensando despesas; No prelo; Mesma bula
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.