São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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Justiça quebra o sigilo de Ivens Mendes

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O juiz Alexandre Libonati, da 13ª Vara Federal do Rio, determinou ontem a quebra do sigilo bancário e telefônico de Ivens Mendes, ex-presidente da Conaf (Comissão Nacional de Arbitragem).
O pedido foi da Procuradoria da República. Uma equipe da Justiça vai tentar recolher na TV Globo as fitas com gravações clandestinas de Mendes, que serão enviadas à Unicamp para perícia.
O juiz enviará ofício ao Banco Central, solicitando que todas as instituições bancárias do país enviem os extratos das contas bancárias do ex-chefe da arbitragem nos últimos cinco anos.
A quebra do sigilo telefônico vai mostrar ao Ministério Público os telefonemas dados por Mendes de sua casa, desde janeiro.
A Procuradoria investiga dois crimes eventualmente cometidos pelo ex-dirigente: sonegação fiscal e fraude contra a Caixa Econômica Federal.
A Caixa promove loterias cujos jogos teriam tido resultados manipulados pela Conaf.
Só hoje o juiz Libonati deve tornar pública a decisão de quebrar o sigilo bancário de Mendes. Ontem, a informação era de que já havia "despacho", que só seria divulgado após "diligências".
STJD
O presidente do inquérito do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que apura supostas irregularidades na arbitragem, Carlos Antônio Navega, deu boas notícias aos dirigentes de clubes suspeitos de manipular resultados.
Depois de interrogar ontem o presidente do Corinthians, Alberto Dualib, Navega afirmou, compreensivo: "A concentração de poder da arbitragem numa só pessoa fazia os dirigentes ficarem na situação de proteger seus clubes".
Para Navega, "o presidente do Corinthians tinha receio de que seu clube fosse prejudicado. No fundo, o dirigente ama o clube e tenta protegê-lo".
Dualib foi convocado porque a TV Globo mostrou gravação de conversa entre ele e Ivens Mendes.
No diálogo, que Dualib reconheceu como verdadeiro, ele prometeu dinheiro para a campanha de Mendes a deputado federal.
O valor seria "um, zero, zero", nas palavras de Dualib. Ontem ele negou que quisesse dizer R$ 100 mil. "Era um código para falar de material de campanha."
Apesar da interpretação que fez da atitude de Dualib, o presidente do inquérito disse que "o caso não vai terminar em pizza". Amanhã ele apresentará seu relatório.
Navega não descartou a hipótese de o Atlético-PR ser suspenso por um ano caso fique provada "armação" de resultados, mas não esclareceu como obteria provas.

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