São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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EUA ocultam uso caseiro, diz Carl Lewis

DA REDAÇÃO; DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O velocista norte-americano Carl Lewis, nove medalhas de ouro em Jogos Olímpicos, acusou ontem as autoridades esportivas dos EUA de encobrir casos de doping para favorecer a obtenção de marcas melhores no atletismo do país.
As declarações de Lewis foram dadas após o surgimento do escândalo de doping das atletas Sandra Farmer-Patrick e Mary Decker-Slaney -atletas que não têm grande renome internacional.
As atletas tiveram elevado índice de testosterona detectado em seus corpos durante seletivas, em junho do ano passado, para os Jogos de Atlanta.
Lewis se queixou da falta de zelo dos EUA no controle do uso de anabolizantes por atletas.
"Digo com segurança que eles (os dirigentes) sabem mais do que contam sobre o uso de drogas no esporte", disse ele, em uma conferência na cidade de Houston, na qual também anunciou seu apoio à cidade de Estocolmo (Suécia) para ser sede dos Jogos de 2004.
"O problema", continuou Lewis, "é que a estrutura do atletismo norte-americano veio abaixo, e o doping está sendo ignorado."
A Iaaf (Federação Internacional de Atletismo Amador) tem suspeitas que dirigentes dos EUA teriam encoberto o uso de doping de Farmer-Patrick e Decker-Slaney.
Istvan Gyulai, secretário-geral da entidade, afirmou ser "inaceitável" que se levasse quase um ano para se decidir pela suspensão de Farmer-Patrick, que participou da última Olimpíada.
O caso de Decker-Slaney ainda segue sem conclusão final.
Pesquisa
As palavras de Lewis vêm de encontro a uma reportagem publicada recentemente pela revista norte-americana especializada em esportes "Sports Illustrated".
A revista divulga que uma pesquisa realizada com 198 atletas (entre eles velocistas, nadadores e halterofilistas) mostra que 195 fariam uso de substâncias proibidas para vencer -mesmo sabendo que possíveis efeitos colaterais poderiam levá-los à morte.
"Existem esportistas que podem ganhar medalhas sem se drogar, mas são poucos. O setor está lotado de usuários", disse o médico holandês Michel Karsten, que, nos últimos 25 anos, revelou ter receitado o uso de drogas para atletas de primeiro nível.
Na Olimpíada de Atlanta, porém o COI (Comitê Olímpico Internacional) registrou apenas dois testes positivos entre 11 mil atletas -2.000 deles passaram por exames antidoping.
Para efeito de comparação, a Olimpíada anterior, Barcelona-92, teve mais que o dobro -cinco casos. Los Angeles-84 é a recordista, com 12 casos comprovados.

Com a Redação

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