São Paulo, quinta-feira, 22 de maio de 1997
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Londres e Sinn Fein negociam após 16 meses

PAULO HENRIQUE BRAGA
DE LONDRES

Representantes do governo britânico e do Sinn Fein, braço político do IRA, se reuniram ontem pela primeira vez em 16 meses.
A reunião ocorreu em Belfast (Irlanda do Norte). O Sinn Fein foi representado por seu negociador-chefe, Martin McGuinness. Os representantes do governo eram funcionários de médio escalão.
Junto com o presidente do partido, Gerry Adams, McGuinness foi eleito para uma vaga no Parlamento na última eleição.
Eles não podem assumir suas vagas porque se recusam a prestar o voto de lealdade à coroa britânica.
"Foi um encontro que abordou as dificuldades que estancaram o processo de paz nos últimos anos", disse McGuinness.
O clima na saída do encontro de três horas era de otimismo, mas o negociador afirmou ainda ser "cedo demais" para dizer se haverá progressos. Um novo encontro deve ocorrer nos próximos dias.
O governo anterior havia suspendido negociações após o fim do cessar-fogo do IRA, há 16 meses.
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, já disse que o diálogo não prosseguirá se o grupo terrorista não desistir da violência.
Em gesto de boa vontade, o governo decidiu transferir dois membros do IRA presos na Inglaterra para cadeias na Irlanda do Norte. O IRA (Exército Republicano Irlandês) luta pelo fim do domínio britânico sobre a Irlanda do Norte.
Minas terrestres
O chanceler do Reino Unido, Robin Cook, anunciou ontem que o país vai aderir a um tratado internacional que pretende banir a produção e comercialização de minas terrestres.
Cook disse que o país vai destruir todas as suas minas até o ano 2005. Em situações excepcionais, porém, as Forças Armadas podem ser autorizadas a usá-las.
Segundo a Cruz Vermelha, explosões de minas matam todos os anos 25 mil pessoas e mutilam um número ainda maior.
A questão das mutilações por minas foi acentuada por uma visita, em janeiro, da princesa Diana a Angola. Na época, ela foi acusada de interferir em assuntos do governo por assumir postura claramente contrária aos armamentos.
O governo conservador, derrotado nas eleições de 1º de maio, sustentava que o país não deveria banir as chamadas "minas inteligentes", que são desativadas automaticamente depois de um determinado período.
Oficiais britânicos disseram também que o país pretende endossar o chamado Processo de Ottawa, que prevê o fim da produção, armazenamento, exportação e uso de minas. O documento deve ser assinado até o final deste ano por 50 países.

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