São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 1997
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Prefeitura suspende demissão de grevistas

MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo suspendeu, por 90 dias, a decisão de demitir 10% dos motoristas e cobradores de ônibus da cidade (5.500 trabalhadores). Em campanha salarial, a categoria promoveu anteontem greve de um dia.
O secretário municipal dos Transportes, Carlos de Souza Toledo, disse, passados esses 90 dias, a prefeitura poderá pedir novamente que as empresas de ônibus demitam funcionários.
O presidente do sindicato dos motoristas e cobradores de São Paulo, José Alves do Couto Filho, o Toré, afirmou que, se a prefeitura reajustar a passagem de ônibus acima de 8%, a categoria poderá promover nova greve.
"Se a prefeitura aumentar a passagem mais do que 8%, vamos parar de novo", afirmou Toré.
Anteontem, diante da ameaça de demissão de 10% da categoria, os motoristas e cobradores decidiram acabar com a greve e aceitar a proposta arbitrada pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho).
Na segunda-feira, o tribunal havia concedido à categoria reajuste salarial de 8%, elevação do valor do tíquete-refeição de R$ 6 a R$ 6,20 e estabilidade no emprego por 90 dias.
A prefeitura vai assumir o reajuste de 8%, permitindo que as empresas de ônibus repassem essa elevação de gastos para suas planilhas de custos.
No final da tarde de ontem, o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, se reuniu com o presidente do Transurb (sindicato patronal), Maurício Lourenço da Cunha, para discutir o reajuste da passagem de ônibus.
A prefeitura deverá reajustar a passagem em junho, provavelmente de R$ 0,80 para R$ 0,90.
Greve equivocada
O diretor administrativo do sindicato dos motoristas e cobradores, José Carlos da Silva, disse que a greve "foi um erro".
Para Silva, devido ao aumento do desemprego no país, esta não era a hora ideal para a categoria fazer greve.
"A categoria não foi beneficiada com a greve", afirmou Silva. "O sindicato tem que defender os empregos da categoria e não só brigar por salário."
Na assembléia de terça-feira, em que a categoria decidiu entrar em greve, Silva afirmou que "não foi possível" controlar os militantes, que acabaram optando por promover a paralisação. "Na terça-feira, eu já era contra a greve, mas a diretoria do sindicato tinha que respeitar a decisão da assembléia", afirmou Silva.
"A greve foi decretada por alguns oportunistas que dominaram a assembléia de terça", disse Toré, presidente do sindicato. "Eu era contra a greve e a categoria me deu razão na quarta-feira".

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