São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Inquérito espera laudos

DA REPORTAGEM LOCAL

As investigações sobre o conflito entre a PM e os sem-teto depende das conclusões dos peritos criminais em dois laudos do IC (Instituto de Criminalística) e de um exame dos médicos do IML (Instituto Médico Legal).
Na próxima semana, o IML deverá divulgar os exames feitos nos cadáveres dos sem-teto que morreram durante a reintegração de posse da Fazenda da Juta, em São Mateus (zona leste de São Paulo).
No laudo dos médicos legistas deverá ser determinada a causa da morte dos sem-teto e a trajetória feita pelas balas no interior dos corpos das vítimas.
Os legistas deverão apontar o número de balas que atingiu os mortos e a distância, quando for possível determiná-la, em que os tiros foram efetuados.
Os laudos do IC não têm prazo para ficar prontos. Os peritos criminais farão dois exames principais: a análise do local do confronto e o laudo de balística.
Local
No primeiro caso, os peritos do IC foram ao conjunto de prédios da Fazenda da Juta para verificar de onde partiram os disparos e para fotografar o local. Podem determinar se a PM ou os sem-teto atiraram.
Por exemplo: no laudo do massacre de 111 presos na Casa de Detenção, os peritos concluíram que os presos foram mortos sem defesa e sem que tivessem reagido.
O motivo dessa conclusão é a absoluta falta de buracos de balas nas paredes, no caso de ter havido disparos de dentro (onde estavam os presos) para fora das celas do pavilhão 9 (onde estavam os PMs).
Não havia também nenhum outro sinal que indicasse que os presos usaram armas de fogo contra os policiais.
Fazenda da Juta
Num exame preliminar na Fazenda da Juta, os peritos só acharam evidências de que os PMs atiraram. Foram encontrados buracos de balas nos prédios ocupados. Pela localização das marcas, os tiros só podem ter sido disparados do local onde estavam os policiais.
O laudo de balística pode determinar de quais armas saíram os tiros que mataram os três sem-teto. Ao todo, 97 revólveres dos PMs foram apreendidos. A perícia deve comparar balas disparadas por essas armas com as balas achadas nos corpos dos sem-teto. Segundo os peritos, em três meses o exame das armas deverá estar concluído.

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