São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Surto de caxumba ataca Bolsas de SP

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Coração financeiro de São Paulo, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) está com a saúde debilitada. Nos últimos meses, vários casos de caxumba -uma infecção que ataca a glândula parótida- foram registrados entre seus operadores.
Os números sobre a ocorrência da doença são incertos, mas há certeza da existência de um surto naquela instituição financeira. Funcionários ouvidos ontem pela Folha falam da ocorrência de 25 casos nos últimos dois meses.
Antônio Roberto da Costa, diretor do pregão da Bovespa, fala de quatro casos diagnosticados e um ainda não confirmado. Segundo ele, havia 20 outros casos, igualmente suspeitos, que acabaram sendo diagnosticados como gripe.
A moléstia que ataca a Bovespa pode ter tido origem em outra instituição financeira de São Paulo -a BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros). Segundo o médico Antônio Rogério Julião, da BM&F, o surto começou no início do ano.
Já foram diagnosticados 15 casos entre operadores da BM&F. A situação é tão preocupante que a direção da BM&F se sentiu na obrigação de notificar os casos da doença ao Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo.
Paulo Roberto Novaes, 28, é um dos casos diagnosticados na Bovespa. Ele adoeceu há 15 dias. Ontem, ele conversava com colegas diante do prédio da Bolsa. Há temor de que o mal se propague. Para os operadores, o surto pode estar associado ao estresse vivido por eles.
Doença contagiosa
Com nome científico de parotidite epidêmica, a caxumba é virótica e transmitida por via respiratória. Segundo o médico Ciro Rosseti, do Centro de Vigilância Epidemiológica, ela se propaga em locais fechados.
Se ocorrem em curto período de tempo, segundo Rosseti, dois ou três casos de caxumba em um mesmo ambiente já podem ser considerados um surto. A doença não é grave, mas pode ter complicações sérias, principalmente em homens.
Uma delas é a inflamação dos testículos. Em casos igualmente graves, a caxumba pode provocar inflamações no pâncreas e no cérebro. Pode ser impedida com a vacina tríplice viral -também evita sarampo e rubéola.
A caxumba é considerada doença sazonal, que pode ocorrer em algumas épocas do ano. Mas o Centro de Vigilância Epidemiológica não tem registros de nenhuma epidemia na cidade.

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