São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Direita e esquerda pregam voto útil na França

MARTA AVANCINI
DE PARIS

Os líderes dos principais partidos políticos da França aproveitaram os dois últimos dias de campanha para defender o voto útil.
Desde a meia-noite de hoje, todas as atividades de campanha estão proibidas. Amanhã é dia do primeiro turno da eleição que vai definir a nova composição da Assembléia Legislativa francesa.
Os políticos têm medo de perder votos para os pequenos partidos no primeiro turno por dois motivos: o grande número de candidaturas, cerca de 6.300, e a falta interesse pelas eleições.
A legislação francesa prevê a possibilidade de mais de dois candidatos disputarem o segundo turno, em 1º de junho. Podem concorrer todos os candidatos que obtiverem pelo menos 12,5% dos votos no primeiro turno.
O líder da campanha da coligação governista RPR-UDF e primeiro-ministro, Alain Juppé, disse em entrevista a uma rádio que a multiplicação de candidaturas dificulta a interpretação dos resultados.
Ele pediu o engajamento dos partidários do governo. "Vamos nos mobilizar para o segundo turno", disse Juppé.
Lionel Jospin, primeiro-secretário do Partido Socialista, pediu em todas as entrevistas concedidas ontem que os eleitores não dispersem os seus votos. O partido tem cerca de 28% das intenções de voto e quer chegar aos 30%.
O temor dos políticos tem fundamento. Uma pesquisa de intenção de votos divulgada ontem pelo jornal "Libération", pela Internet, aponta o crescimento de cerca de meio ponto percentual dos pequenos partidos, como os ecologistas e as formações de extrema esquerda, em apenas uma semana.
A coligação RPR-UDF e o Partido Socialista perderam meio ponto percentual cada.
Segundo a pesquisa, RPR e UDF têm 33% das intenções de voto, o Partido Socialista, 26%; o Partido Comunista, 10%; a Frente Nacional (extrema direita), 13,5%; os ecologistas, 7%; as diversas formações de direita, 4,5%, e os outros partidos de esquerda, 3%.
O crescimento dos pequenos partidos é consequência da insatisfação dos franceses em relação à campanha, interpreta Stéphane Rozès, diretor de estudos políticos do instituto de pesquisas CSA.
"É uma forma de protestar. A campanha não conquistou os eleitores" disse Rozès à Folha.
Além disso, um levantamento do CSA revela que 19% dos eleitores não percebem diferenças entre as propostas da coalizão UDF-RPR e o Partido Socialista.
"O eleitor não acredita que vai haver mudanças", disse Rozès.

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