São Paulo, sábado, 24 de maio de 1997
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Ainda "O Corvo"

CARLOS HEITOR CONY

Rio de Janeiro - Semanas atrás, depois de um almoço com o poeta e tradutor Ivo Barroso, publiquei neste canto de página um comentário sobre as traduções do poema "O Corvo", de Edgar Allan Poe.
Citei as duas peças clássicas, a de Machado de Assis e a de Fernando Pessoa, que são bastante conhecidas. E a de Mílton Amado, jornalista e tradutor mineiro, já falecido. Numerosos leitores, de todas as partes do Brasil, bombardearam o Ivo e a mim com cartas, fax e telefonemas pedindo cópias dessa tradução.
Infelizmente, não dispomos de estrutura para atender a todos. O poema é longo, não pode ser transcrito neste curto espaço. E há o direito autoral do tradutor, que tem de ser respeitado. O que posso fazer é transmitir as informações que o Ivo me passou.
A tradução de Mílton saiu publicada em "Poemas e Ensaios de Edgar Allan Poe", Editora Globo, Rio, 1987. Há também edição mais recente, da Nova Aguilar, com a obra completa, reunindo prosa e verso, de Poe.
Ivo Barroso chegou a sugerir que a família publicasse, em plaquete, a tradução e os trabalhos inéditos de Mílton.
Pelo volume da correspondência que recebemos, acho que vale a pena. Tem muita gente ligada ao poema em si e interessada em comparar as traduções de Machado, Pessoa e Mílton.
Devemos essa justiça a ele. Trata-se de um nome que só os iniciados conhecem. Até mesmo em obras por ele traduzidas sempre aparece como colaborador de terceiros.
Agora, uma observação pessoal: com tantos anos na estrada, poucas vezes recebi tanta correspondência a respeito de um assunto que julgava restrito a alguns alucinados que gostam dessas coisas. Estava enganado. Ou estou realmente muito por fora ou quem está por fora são aqueles que nos obrigam a falar de votos vendidos e comprados.

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