São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997
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Moderado é eleito novo presidente do Irã

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O clérigo xiita moderado Mohammad Khatami venceu por larga margem as eleições presidenciais do Irã, dispensando a realização de um segundo turno. Seu principal adversário, o presidente do Parlamento, Ali Akbar Nateq-Nouri, reconheceu a vitória. Nateq-Nouri, um conservador, era apontado como favorito.
As urnas foram fechadas no final da noite de sexta-feira. Os resultados ontem, ainda extra-oficiais, apontavam que Khatami, 54, teve mais de 65% dos votos. Nateq-Nouri, também 54, tinha 28%. Os outros dois candidatos vinham bem atrás.
O resultado é uma derrota importante para o comando do regime islâmico linha-dura que há 18 anos governa o Irã. Nos 12 dias de campanha eleitoral, Khatami, que foi ministro da Cultura entre 1982 e 1992, uniu em torno de si centristas ligados ao presidente Ali Akbar Hachemi Rafsanjani, islâmicos de esquerda, mulheres, jovens e intelectuais que defendem uma aplicação menos rígida da lei islâmica.
Havia 33 milhões de iranianos aptos a votar -homens e mulheres com mais de 15 anos. Segundo as autoridades, o comparecimento foi alto, fato que fez o fechamento das urnas ser adiado por horas. Os últimos resultados indicavam que 17 milhões haviam votado.
Mas a oposição iraniana no exílio disse que apenas 6,5 milhões foram às urnas.
Segundo o Conselho Nacional da Resistência do Irã, em Paris, o governo disse que houve forte participação "para esconder o rechaço" da população ao regime islâmico.
Khatami vai assumir a Presidência em agosto, pondo fim a dois mandatos (oito anos) consecutivos de governo de Rafsanjani, que não podia se candidatar a um novo mandato.
Durante a campanha, Khatami acusou os conservadores de tentar levar a Presidência para a esfera de influência do Parlamento, dominado por eles. O novo presidente defende maior liberdade pessoal para os 60 milhões de iranianos e respeito às leis.
O aiatolá Ali Khamenei, líder espiritual máximo dos xiitas, havia apelado aos eleitores que elegessem o candidato "mais bem qualificado para se opor à América e àqueles que querem impor seu desejo à nossa nação".
Khatami também apelou ao eleitorado religioso fazendo lembrar que ele, filho de um aiatolá, é supostamente um descendente do profeta Maomé -razão pela qual ele usa o turbante preto que simboliza essa condição.
Antes da revolução islâmica, Khatami viveu na Alemanha, dirigindo um centro islâmico. Além de persa, fala árabe, inglês e alemão. Seu governo deve levar, pela primeira vez, uma mulher ao gabinete da República Islâmica: uma filha de Rafsanjani, Faezeh.

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