São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997
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Venda das estatais elétricas e das teles deve render US$ 79 bi

Estimativa do BNDES inclui as empresas estaduais

MARTA AVANCINI
DE PARIS

O governo brasileiro estima que vai arrecadar US$ 79,5 bilhões com o programa de privatização de empresas estatais dos setores elétrico e de telecomunicações.
O valor foi apresentado ontem por Luiz Carlos Mendonça de Barros, presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Os números foram divulgados em um seminário destinado a empresários franceses realizado em comemoração aos 25 anos do Banco do Brasil em Paris. Também participaram do evento Pedro Malan, ministro da Fazenda, Alkimar Moura, diretor do Banco Central, e Paulo César Ximenes, presidente do Banco do Brasil.
A maior parte do valor ser arrecadado cabe ao setor de eletricidade -US$ 50,5 bilhões. A diferença fica com as estatais de telecomunicações e a licitação para exploração da banda B de telefonia celular.
Desde 91, o Brasil arrecadou US$ 27,3 bilhões com privatizações, incluindo a Companhia Vale do Rio Doce. Desse total, US$ 8,7 bilhões se referem a dívidas transferidas.
As privatizações devem começar no início de 98 e têm duração prevista de dois anos, disse o presidente do BNDES. Este prazo exclui a licitação para exploração da banda B, que já conta com uma legislação que regulamenta o processo.
"Esse prazo pode ter algumas variações, como acontece com a Vale do Rio Doce. Ela deveria ocorrer no primeiro trimestre de 97 e ocorreu no segundo", disse.
O presidente do BNDES afirmou que o programa de privatização resulta de uma decisão política do governo brasileiro.
"Existem, é claro, alguns partidos de esquerda que são contrários à privatização, mas eles têm participação reduzida", disse.
Barros também descartou possíveis resistências às novas privatizações, como aconteceu com a Companhia Vale do Rio Doce.
"A Vale foi a mãe de todas as batalhas porque ela é rentável e não afeta diretamente o consumidor. Tudo o que ela produz é exportado. Como superamos isso, as privatizações devem ser aceleradas."
A palestra de ontem faz parte da estratégia de atrair investimentos estrangeiros para o Brasil. O setor elétrico, por exemplo, precisa de investimentos de US$ 60 bilhões.
Banespa
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que espera dar início à privatização do Banespa até o início de 98.
"Falta reestruturar a dívida com o Estado para começar a privatização em prazo hábil. Se possível, vamos dar início ao processo ainda em 97 ou, no máximo, no começo do próximo ano", afirmou.

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