São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997 |
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Líderes comunitários fazem curso de vídeo
FERNANDA DA ESCÓSSIA
O projeto é resultado de uma parceria entre a Comissão de Segurança da Alerj (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro), universidades públicas e privadas e organizações não-governamentais. Os alunos vão aprender a usar a câmera de vídeo para que possam gravar a vida nas comunidades, desde denúncias de abuso policial até problemas ambientais e iniciativas sociais bem-sucedidas. A primeira aula aconteceu no campus da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) na Praia Vermelha (zona sul). O curso tem duração de duas semanas. Idealizador do "Olho Vivo, Cidadão", o deputado Carlos Minc (PT-RJ) disse que pensou em criar a oficina depois que cinegrafistas amadores flagraram a violência policial em São Paulo e no Rio. "A idéia é fazer do vídeo um instrumento de defesa da cidadania, seja para denunciar a violência policial, seja para denunciar outros problemas", disse Minc, que é presidente da Comissão de Segurança Pública da Alerj. A Escola de Comunicação da UFRJ cedeu uma professora e um cinegrafista, além de equipamentos. Alunos do laboratório de TV da escola vão servir de monitores do curso "Olho Vivo, Cidadão". Organizações não-governamentais cederam seis câmeras de vídeo. No decorrer do curso, as câmeras serão emprestadas aos alunos, para que eles possam começar a gravar cenas nas comunidades. No ar Os melhores vídeos serão editados e exibidos nos bairros e em televisões comunitárias. "Assim, os moradores deixam de ser meros receptores da programação e têm chance de produzir algo", afirmou o deputado Carlos Minc. O projeto já fez convênio com a Vinde-TV (canal por assinatura da Igreja Evangélica) e as TVs comunitárias da Rocinha e da própria Escola de Comunicação para exibição dos vídeos. "Esse projeto mostra que é possível iniciar um trabalho conjunto entre a universidade e o movimento popular", afirmou Consuelo Lins, professora de cinema e coordenadora da oficina. Os próprios líderes comunitários vão criar um conselho para definir como será o rodízio das câmeras de vídeo entre os bairros. Um outro curso está previsto para o mês de junho na Faculdade de Comunicação Hélio Alonso, em Botafogo (zona sul). À época em que foram exibidas as cenas de violência policial na Cidade de Deus, o secretário de Segurança Pública do Rio, general Nilton Cerqueira, disse que as câmeras de vídeo estavam sendo financiadas pelo tráfico de drogas. A Folha procurou ouvir o general Cerqueira sobre o curso. Sua assessoria informou que ele estava muito ocupado e não poderia comentar o caso. Texto Anterior: Polícia apura suposta agressão com fogo contra trabalhador Próximo Texto: Grupo faz entrevista Índice |
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