São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997 |
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Volks descarta pagar mais por autopeças
ARTHUR PEREIRA FILHO
" Não vamos aceitar aumento de preços", diz Rafael Piñero Prat, diretor de Suprimentos da Volkswagen. Segundo Prat, que define a alta do aço como uma "política injustificada", os fornecedores terão de manter os preços competitivos em relação ao mercado internacional. Na quinta-feira passada, a Usiminas, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Cosipa decidiram adotar um reajuste médio de 8,4% para o aço, a partir de 27 de junho. Paulo Butori, presidente do Sindipeças (entidade que reúne os fabricantes de autopeças), calcula que o novo preço do aço, caso realmente entre em vigor, deve provocar aumento de custo entre 4% e 7% para as empresas do setor. O aço é uma das principais matérias-primas utilizadas na produção dos automóveis. A decisão da Volkswagen de não aceitar o reajuste de preço dos componentes usados na montagem dos carros não é uma atitude isolada. Segundo Butori, as montadoras mantêm a posição de não conceder aumentos aos fornecedores. O preço das autopeças fabricadas no país está congelado desde janeiro de 96. "Estamos trabalhando sem margem de lucro", diz. O novo aumento previsto pelas siderúrgicas deve ser investigado pelo governo a pedido do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Há suspeita de que as siderúrgicas combinaram o índice de reajuste. As empresas negam. Inviável Sidney Del Gáudio, vice-presidente da Dana Albarus, filial brasileira da Dana, um dos maiores fabricantes de componentes do mundo, diz que se a empresa não puder repassar para os preços o aumento do aço, "o negócio se tornará inviável". No caso da Dana, o custo médio deve crescer cerca de 9%. A Dana é grande fornecedor de eixos para caminhões. Segundo Gáudio, consome cerca de 3.000 toneladas de aço por mês, o que a coloca entre os principais compradores de aço do país. "É preciso sentar e discutir. As siderúrgicas e os fabricantes de autopeças já deram a sua contribuição para a redução de custos da indústria", diz Gáudio. Jonas Carvalho, diretor de compras da Fiat, não descarta a possibilita de negociar com os fornecedores. Mas considera muito difícil aceitar o aumento de preços. Na avaliação de Carvalho, o reajuste pretendido pelas siderúrgicas é "inoportuno", porque as empresas têm registrado aumento de produtividade nos últimos anos. Diz que, em último caso, a montadora pode aumentar a importação de aço, dos atuais 10% do total consumido, para "até uns 15%". Volker Barth, presidente da filial da Delphi para a América do Sul, espera "uma ajuda" das montadoras para evitar o aumento de custos. A Delphi é a maior fabricante de autopeças do mundo. Segundo Barth, é possível efetuar pequenas mudanças nos projetos de componentes para reduzir o consumo de aço. Texto Anterior: Inadimplência de 180 dias alcança 6,95% Próximo Texto: Vencendo a batalha; Guerra judicial; Contra-ataque; Entre eletroeletrônicos; Conflito de números; Abrindo as portas; No ar; Com pressa; Segurando reservas; Contra os asiáticos; Na agenda; Menos imposto; Malhação no hotel; Sondando o mercado Índice |
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