São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997
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Juiz 'psicopata' é apontado melhor e pior do Paulista

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apelidado como "ministro da Educação" pelos colegas, o árbitro Oscar Roberto Godoi foi escolhido pelos jogadores como o melhor e o pior árbitro do Paulista-97.
A primazia positiva e negativa tem uma explicação, afinal, seu cartaz muda de time para time.
Godoi, 42, colheu votos como o melhor principalmente no São Paulo, Palmeiras, Botafogo, Guarani e Mogi Mirim. Entre os atletas da Portuguesa Santista, Inter, Rio Branco e São José sua popularidade decai muito -lá, ele é o pior.
Godoi, que se define como "meio psicopata", foi citado nas gravações telefônicas que originaram a denúncia de favorecimento de Ivens Mendes, ex-dirigente da Conaf (Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol).
Nas ligações, ele é definido por Mendes como "unha de cavalo" (rude, grosseirão).
Na votação do ano passado, Godoi ganhou no quesito pior juiz (12,9%) e ficou em segundo como o melhor (17,3%), atrás de Márcio Rezende de Freitas (18,5%).
Leia abaixo os principais trechos da entrevista com Godoi.
*
Folha - Como o sr. explica que os jogadores o considerem o melhor e o pior árbitro?
Oscar Roberto Godoi - Eles querem me levar ao céu e ao inferno ao mesmo tempo. Bom, deve ser porque eu trato todos os jogadores da mesma forma, sem me importar se são ídolos ou iniciantes. Para mim, é indistinto. Capaz os novatos simpatizem comigo e os outros não.
Folha - O sr. afirma que trata da mesma forma a todos. O sr. tem fama de xingar muito os jogadores. Os votos contrários não poderiam ser dos jogadores ofendidos?
Godoi - Pode até ser, mas eu procuro não magoar ninguém. Você tem de levar em conta minha maneira de ser e que eu tenho de administrar 22 atletas no campo.
Estou me controlando, afinal, o nível educacional dos jogadores aumentou. Agora, eles argumentam mais que gritam e xingam.
Folha - De onde vem esse seu procedimento de repreender os atletas com palavrões?
Godoi - Eu comecei como juiz no futebol de várzea, amador e regional do interior. Lá o árbitro tem de ser meio kamikaze, meio doidão, se não, não funciona. A coragem é mais importante do que a sabedoria para dirigir um jogo. Daí vem esse meu jeito de apitar.
Folha - Como o sr. reage as críticas de jogadores e técnicos por algum erro seu durante um jogo?
Godoi - Eu sou meio psicopata, eu não peço desculpa nunca. Se eu erro, foi porque tenho uma fração de segundo para resolver um lance. Portanto, não aceito crítica.
Folha - O envolvimento de seu nome no suposto caso de compra de resultados, que derrubou Ivens Mendes, presidente da Conaf, incluiu na votação?
Godoi - Não acredito. Os jogadores votaram em mim pela vivência direta. O caso de corrupção envolveu os dirigentes, mas nunca chegou aos árbitros, que ficaram sabendo pela televisão.

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