São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997
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Bill T. Jones propõe uma retrospectiva

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Nas duas apresentações que realiza hoje e amanhã, no Teatro Sérgio Cardoso, o coréografo norte-americano Bill T. Jones mostra, com seu grupo, um programa que permite observar vários momentos de sua obra.
Entre as cinco coreografias que os 11 bailarinos do Bill T.Jones/Arnie Zane Dance Company interpretam, uma das mais antigas é "Soon", um duo dançado por dois homens, duas mulheres e finalmente por um homem e uma mulher.
Músicas dos anos 20 e 30, algumas de autoria de Kurt Weill (como "September Song", cantada por Lotte Lenya), outras interpretadas por Bessie Smith (como "Blue Spirit Blues", de S.Williams), dão o tom nostálgico a "Soon".
Em 1989, quando essa coreografia foi criada, fazia quase um ano que Arnie Zane, companheiro e parceiro artístico de Jones, havia morrido por causa da Aids. "Ao criar 'Soon', inspirei-me na troca criativa que havia entre nós", diz Jones.
Outro duo, "Shared Distance", foi realizado em 1983, quando Jones estava abandonando uma fase experimental, em que seu principal recurso era a técnica de "contact improvisation" (baseada no apoio mútuo entre os bailarinos). Foi a partir desse período que Jones começou a explorar uma teatralidade maior em suas coreografias.
"After Black Room", de 1993, surgiu como sequência a "Black Room", dueto criado oito anos antes por Zane e cuja fonte de inspiração foi o corpo do homem negro (vale lembrar que Zane era fotógrafo e admirador das fotos de Robert Maplethorpe).
Em "After Black Room", a dança em duo se amplifica e ganha várias combinações, interpretadas por quatro casais. Um dos pontos fortes da peça é a iluminação, assinada pelo premiado Robert Wierzel, que já trabalhou com Philip Glass e Lou Reed.
"Trata-se de um evento coreográfico paralelo à música", explica Jones. "Salienta o inter-relacionamento e permite ver os bailarinos como comunidade e também como indivíduos diversos."
Menos teatral, as coreografias atuais de Jones enfocam a dança em estado mais puro, sem a tendência narrativa que culminou em "Still/Here", de 1994, que hoje está fora do repertório da companhia.
No programa de hoje e amanhã, outra amostra dos novos rumos que Jones vem imprimindo à sua escritura coreográfica é "Lisbon". A criação, que estreou neste ano, contém elementos das obras da última década.

Espetáculo: Bill T. Jones/Arnie Zane Dance Company
Quando: hoje (terça) e amanhã às 21 h
Onde: Teatro Sérgio Cardoso (rua Rui Barbosa, 153; tel. 288-0136)
Quanto: R$ 50 e R$ 35.

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