São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 1997
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Pai da "house de sonho" toca trance

CAMILO ROCHA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Pode ser que você não conheça Robert Miles, DJ e produtor italiano que faz três apresentações no clube B.A.S.E. a partir de hoje. Mas certamente você já ouviu seu hit "Children".
Massacrada em pistas no país, incluída em trilha de novela, usada em desfiles e comerciais, "Children" fez de Miles um pop star.
A história de "Children" é semelhante à de outros hits na dance music, que levam até dois anos para alcançar sucesso mundial.
"Children" foi composta em 95, inspirada em imagens de crianças bósnias. Daí aquele piano melancólico que, dependendo do gosto, é considerado "lindo", "emocional", "meloso" ou "brega". O único ponto pacífico é que ele é instantâneo e inconfundível.
"Children" estourou nas pistas. No verão de 95, foi um sucesso estrondoso em Ibiza, onde muitos hits nascem para conquistar as paradas do resto da Europa.
O selo de trance inglês Platipus inicialmente lançou a faixa na Europa. "Children" se encaixou perfeitamente nas seleções de DJs como Sasha, John Digweed e Paul Van Dyk, que estavam incorporando jornadas épicas, sons etéreos e melodias hipnóticas ao seu house de sotaque europeu.
O resultado é algo que mantinha o andamento do house e usava as características do trance. Logo veio o rótulo "dream house" ou "house de sonho". Miles passou a ser o pai da "dream house".
Logo a Deconstruction (subsidiária da BMG-Ariola) comprou seu passe e o resto é história: primeiro lugar em vários países da Europa e quase 3 milhões vendidos em todo o mundo.
Rapidamente virou objeto de desprezo do underground de onde se originou, em que o patrulhamento anticomercial é fortíssimo. Miles acha engraçado: "Quando minha música não tocava no rádio, os DJs underground tocavam. Bastou ela fazer sucesso que eles começaram a falar mal dela".
Miles não ajudou muito sua credibilidade quando o single seguinte, "Pable", e praticamente todas as músicas de seu primeiro álbum, "Dreamland", seguiram um modelo quase idêntico ao de "Children". Como ele disse, "o disco foi feito muito rápido, não houve tempo para amadurecer idéias".
Só que o Miles que os paulistanos vão ouvir não é o músico e produtor, mas o DJ que toca trance e tecno por clubes da Europa. Sua coleção tem incluído "Magma", música ainda não lançada. Agora, se ele vai tocar alguma música de "Dreamland", é esperar para ver.

DJ: Robert Miles
Quando: 27, 28 e 30 de maio, às 23h
Onde: clube B.A.S.E. (av. Brigadeiro Luis Antonio, 1.137, tel. 606-3244)
Quanto: R$ 40, R$ 30 (compra antecipada para os dias 27 e 28); R$ 25, R$ 20 (compra antecipada para o dia 30)

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